terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pássaros Feridos de Colleen McCullough


Pássaros Feridos é a saga vigorosa e romântica de uma família singular, os Clearys. Começa no princípio deste século, quando Paddy Cleary leva a mulher, Fiona e os sete filhos do casal para Drogheda, vasta fazenda de criação de carneiros, propriedade da irmã mais velha, viúva autoritária e sem filhos; e termina mais de meio século depois, com a brilhante actriz Justine O’ Neill, muitos meridianos longe das suas raízes, começa a viver o seu grande amor.

Personagens maravilhosas povoam este livro: o forte e delicado Paddy, que esconde uma recordação muito íntima; a zelosa Fiona, que se recusa a dar amor porque este, um dia, a traiu; o violento e atormentado Frank e os outros filhos do casal Cleary, que trabalham de sol a sol e dedicam a Drogheda a energia e devoção que a maioria dos homens destina às mulheres; Meggie, Ralph e os filhos de Meggie, Justine e Dane. E a própria terra: nua, inflexível nas suas florações, presa de ciclos gigantescos de secas e cheias, rica quando a natureza é generosa, imprevisível como nenhum outro sítio na terra.
A MINHA OPINIÃO:


Tudo o que possa dizer nas próximas linhas não faz justiça a esta obra-prima. Perfeita em todos os aspectos! Soberbamente escrita e com uma história tragicamente bela! Diálogos maravilhosos e descrições viscerais e melífluas que me fizeram sentir o sabor e o cheiro da Austrália e conhecer a fundo personagens complexas e absolutamente fascinantes.
Esta saga começa em 1915 na Nova Zelândia com a família Cleary no dia do quarto aniversário de Meggie, a mais nova e única filha numa numerosa prole. A família é na altura, constituída por Paddy e Fee, os pais, e Frank, Bob, Jack, Hughie, Stu e Meggie. Em busca de uma vida melhor, mudam-se para Drogheda, uma grande fazenda australiana, propriedade da irmã de Paddy, Mary Carson. Uma mulher amargurada e egoísta. Em Drogheda, Meggie conhecerá Ralph de Bricassart, um ambicioso e lindíssimo padre católico. Dezoito anos mais velho do que a pequena Cleary, este desenvolve um carinho especial por ela, sendo para ela um tutor e um amigo. Quem não vê com bons olhos esta amizade é Mary Carson. Apaixonada pelo padre não aceita ser negligenciada. À medida que o tempo passa, Meggie torna-se numa mulher e Ralph sofre porque fica dividido entre a sua ambição eclesiástica e o seu amor por ela. Os dois irremediavelmente apaixonados são o fio condutor da história. Porém, existem as vivências das outras personagens. Histórias igualmente belíssimas que davam para escrever outros livros. Adorei a forma como todos interagem...como a autora descortina a alma do ser humano. Tudo isto é enquadrado numa interessante contextualização histórica. A terceira geração Cleary, Justine e Dane, filhos de Meggie é outro dos chamarizes da obra. Os mais novos são influenciados pelos erros dos mais velhos e com eles finda este épico familiar. Demonstra o quão ingrata a vida pode ser e como o orgulho, a ambição, a teimosia... pode enevoar o caminho para a felicidade.
Nem sei bem como recuperar de um livro deste calibre... Foi tão absortivo... Adorei!... É imperdível!
"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a lenda.[...]
O pássaro com o espinho cravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é empalar-se, e morre cantando. No instante em que o espinho penetra, não há nele consciência do morrer futuro; limita-se a cantar e canta até que não lhe sobra vida para emitir uma única nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito, nós sabemos, compreendemos. E assim mesmo fazemo-lo."

10 comentários:

  1. Nossa, estou louca para ler essa obra, faz tempo!!!! Preciso providencia-la!

    beijos!

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  2. Adorei ler a tua opinião que está escrito com tanta emoção! De facto, a Collen McCullough é uma contadora de histórias magnifica,sabe tão bem descrever as personagens, os seus sentimentos e as suas relações, e também é muito boa construir diálogos maduros e interessantes. Ainda não li esse livro mas vi a série televisiva há muitos anos, era eu uma jovenzinha, e lembro-me ter adorado pois não perdia sequer um episódio! Tens que conseguir arranjar "O Toque de Midas", é uma história SOBERBA! O próximo livro que vou comprar desta autora é "O terceiro Milénio" :)

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  3. "Pássaros feridos" foi o primeiro livro que li da autora e fiquei impressionada e maravilhada com toda a história.
    Collen é uma extraordinária contadora de histórias e sabe prender o leitor ao longo das suas páginas.
    Tenho agora para ler "Tim", que também já ouvi dizer que é muito bom. E também quero ler "O toque de midas".

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  4. Olá...

    Carla,
    tens mesmo de o ler. É fenomenal!

    MPatricia,
    Ainda bem que ficaste curiosa, porque este livro para mim, foi um dos melhores que já li.

    flicka,
    fiquei tão apaixonada pela escrita da Colleen que quero ler todos. O Tim, O Toque de Midas e a colecção sobre Roma. Ai, ai lá se vai as minhas moedinhas!

    tonsdeazul,
    eu também fiquei maravilhada com ela. Espero ler outros dela em breve.

    Bjinhos...

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  5. Oi, Jojo!!!! Você está lendo a trilogia da gratidão!!!! Amo muito... o Cam é lindo e maravilhoso... aiai!!!!

    Vc vai amar a história é linda!

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  6. Oi M!riam! Aqui em Portugal chamamos a Saga da Baía de Chesapeake. Já fui publicado um quarto livro sobre a vida de Seth. Por isso, quando me falaste na Trilogia da Gratidão não sabia o que era. Já acabei o primeiro. Lindo... O Cam é mesmo maravilhoso. Ui!...

    Bjos*

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  7. Nunca li nada desta autora, mas já cá tenho um rol de livros dela em casa para ler... (a maior parte herdados das compras obrigatórias que a minha mãe fazia no círculo de leitores). Fiquei curiosa quando falaste do filme, mas sinceramente vou ler o livro ;) Está em lista de espera! Depois de ler a tua crítica tão arrebatadora subiu para o cimo!
    Bjs* Lê mesmo o livro do Christian

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  8. Eu li Tim desta autora... Fantástico, imperdível, uma autêntica obra prima. Quero ver se compro este livro, mas é outro que não tenho encontrado :|

    ***

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