quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Inkheart- Coração de Tinta de Cornelia Funke

Meggie é uma grande apreciadora de histórias e adoraria que o pai lesse em voz alta para ela. Mas ele não o faz há muitos anos, desde que a mãe desapareceu misteriosamente. O pai possui um dom especial: quando lê um livro em voz alta, as palavras ganham vida na sua boca e coisas e personagens das histórias saltam do livro para o mundo real. O pior é que quando algo salta cá para fora, alguém ou alguma coisa deste mundo entra para dentro do livro... A partir daí, sucede-se um sem-fim de desconcertantes aventuras, mistérios e muito suspense... Cornelia Funke escreve com mestria, fazendo o leitor sentir que está dentro da história. Talvez ela também tenha o dom... O filme baseado neste livro teve estreia mundial em 2009.
A MINHA OPINIÃO:

Inkheart- Coração de Tinta é um livro trepidante, pujante de adrenalina e acção! Cornelia Funke é uma escritora fluída e de grande imaginação. A história gira em torno de Meggie e de seu pai Mortimer que adoram ler, livros e embrenhar-se no mundo fantástico que estes revelam. O seu amor por estes pequenos grandes objectos é-me familiar porque eu também sou uma amante de livros. Aliás, designá-los por objectos é ridicularizá-los. Eles são muito mais do que isso! Um livro é uma porta para outro mundo, um barco para navegar em mar desconhecido ou apetecido ou uma magnífica viagem ao passado... As descrições deste livro, em particular, são deliciosas. Quem não gostaria de viver numa casa recheada por livros? Elinor, a tia da mãe de Meggie é aficionada e colecciona exemplares únicos e peculiares. A sua mansão é um paraíso porque alberga milhares destes pequenos amigos. Encontrar nas personagens uma paixão que tão bem conheço foi um grande passo para gostar deste Coração de Tinta. Apesar de ser um livro mais juvenil, é bastante cativante e coloca questões tentadoras para quem é viciado em histórias. Já imaginaram se as personagens  que adoramos transpusessem as páginas? Há umas que é melhor ficarem lá. Eu não gostaria nada de ter um Gollum empoleirado na minha janela a gritar: "My Precious!" ou um Voldemort debaixo da minha cama! Mortimer tem este dom: lê em voz alta e elas aparecem no mundo real. Em contrapartida, o livro exige algo de volta. Mas, ter personagens à solta não é tão idílico como parece. Será que elas gostariam de deixar o seu mundo para trás?Ou criariam um novo mundo? Cornelia Funke brinca com leitor apresentando-lhe esta ideia irresistível porém, perigosa. Tanta vivacidade e paixão torna este livro verdadeiramente viciante!O fantástico e o real entrelaçam-se muito bem e personagens como Dedo de Pó, Basta e Capricórnio são quase palpáveis e satisfizeram o meu imaginário.Uma história muito boa que me prendeu até ao fim!


4.5/7-MUITO BOM

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Na caixa do correio...:)

 

Este Verão excedi-me um bocadinho nas comprinhas... Mas todos os livros que, aqui estão foram adquiridos em promoções ou em segunda mão, exceptuando os da Colleen. Adoro Colleen McCullough porém, a sua editora em Portugal faliu e é difícil encontrar livros dela. Assim fiz uma incursão a uma livraria antiquíssima para os poder encontrar. 
Os da Europa-América são novos e foram adquiridos no site da editora a metade do preço. A Presença brindou-me com a segunda Marés Vivas. A partir de agora, vou entrar em contenção de despesas pois, o meu mealheiro começa a queixar-se!

PS: Sandra, eu disse-te que tinha exagerado um bocadinho:)...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Segredo da Casa de Riverton de Kate Morton

Como sobrevivem os que presenciam a tragédia?

Verão de 1924

Na noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico acontecimento, as suas únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, jamais se voltariam a falar.

Inverno de 1999

Grace Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um filme sobre a morte trágica do poeta.Memórias antigas e fantasmas adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo parece ter apagado mas que Grace tem bem presente.Passado numa Inglaterra destroçada pela primeira guerra e rendida aos loucos anos 20, O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante história de amor. 

A MINHA OPINIÃO: 

Simplesmente perfeito! Após este livro, Kate Morton cimentou o seu lugar como uma das minhas escritoras favoritas. O Jardim dos Segredos foi uma das minhas melhores leituras o ano passado e, desejei tanto que O Segredo da Casa de Riverton ocupasse uma posição semelhante este ano que, receei a desilusão. Todavia o meu medo era infundado. A escritora constrói mais uma história fabulosa tendo como narradora, Grace. A nonagenária é uma personagem fantástica e através da sua narrativa conheci Hannah, Emmeline, David, Robbie e Frederick. A magia miraculosa de Kate Morton está em intercalar o passado com o presente e a deixar-nos a suspirar por mais. Cada capítulo era sinónimo de uma nova descoberta e cada página era um novo começo! À medida que a leitura avançava: revivi sonhos, deliciei-me com a habilidade da escritora em introduzir História na história e surpreendi-me com a revelação valiosa de segredos. É um livro tão belo! Vive das suas personagens genuínas e maravilhosas! Hannah é uma mulher determinada, apaixonada pela vida e aventureira contudo, no princípio do século XX, a sua vibrante personalidade é um empecilho para sociedade. Emmeline é doce, deseja o amor e procura encaixar num grupo pois, só assim consegue ser feliz. Duas irmãs, tão diferentes e tão fascinantes! David, o seu irmão mais velho é responsável e corajoso mas, a Guerra irá mudar a sua vida, tal como a de muitos jovens como Robbie e Alfred. O seu patriotismo e a sede de afirmar a sua coragem perante o mundo não os prepararam de maneira nenhuma para os horrores da guerra. Os que ficam para detrás também sofrem com a sua ausência: o pai que teme pela vida dos filhos, a mulher que aguarda o regresso do marido e os filhos que, provavelmente, não chegaram a conhecer os pais. Kate Morton é fenomenal e de uma premissa simples cria uma obra magnífica que abrange todo o século XX,as duas grandes guerras e a consequente revolução social. É livro tão marcante que é difícil encontrar palavras para descrevê-lo! Se o tivesse de reduzir a uma única palavra diria segredo ( "full of secrets"!).Os segredos são os verdadeiros protagonistas. Eles conduzem a história e a sua força é tanta que atrai a tragédia e a alegria. E, apesar de haver um tom de fatalidade na história fica sempre no ar um aroma a esperança... É como se o livro ganhasse vida e vivêssemos as vicissitudes e as paixões das personagens como se fossem nossas! Uma leitura estupenda que me perseguiu mesmo depois de fechar o livro!:)...

6/7-EXCELENTE

domingo, 18 de setembro de 2011

Sétimo Céu de Catherine Anderson


Este livro é uma das suas histórias mais emblemáticas e com ele os leitores vão certamente rir, chorar e acreditar na verdadeira força do amor!Passaram-se dez anos desde que Joe Lakota trocou a sua cidadezinha do Oregon e a mulher que amava pelas falsas promessas de uma grande metrópole. Agora está de regresso, porque quer proporcionar ao filho aqueles valores que só se encontram verdadeiramente na terra que nos viu nascer. E também porque ambiciona reacender a paixão que em tempos o uniu à bela Marilee Nelson. Esta porém já não é a jovem tranquila que um dia ele abandonou. É hoje uma mulher atormentada por um segredo que não quer partilhar, nem mesmo com Joe.É então que Joe lhe faz o mais irresistível dos pedidos: que se torne sua mulher e mãe do seu filho. Como poderá ela, no entanto, concordar com tal casamento, quando não é sequer capaz de lhe dizer a verdade?

A MINHA OPINIÃO:

Catherine Anderson é uma escritora a quem recorro quando me apetece uma leitura leve, despretensiosa e com um final feliz. Sétimo Céu não é excepção. É mais uma bonita história da escritora que gosta de mudar o estereótipo do casal lindo, esbelto e perfeito. Gosta de incutir numa das personagens principais uma fraqueza, uma deficiência, um medo ou um segredo atormentador.  Desta vez, é Marilee, uma jovem mulher que abandonou o homem que amava há dez anos porque achou que era o melhor a fazer.O real motivo da sua rejeição é incerto. Joe seguiu com a sua vida e teve um filho, o adorável Zachary. Mas, nunca se esqueceu da mulher que deixou para trás. É uma leitura fácil e as personagens são minimamente cativantes. A previsibilidade é uma constante e era expectável dado que, já conhecia a escritora e a sua fórmula e sabia, à partida, que não era um livro muito exigente. Contudo, se os outros livros de Catherine Anderson satisfizeram a minha sede, este ficou aquém das minhas expectativas. Não nego que é agradável mas, falta-lhe qualquer coisa. Creio que fiquei fatigada da história padrão da escritora. É verdade que já a esperava porém, tinha sempre aquela esperança que alguma coisa mudasse. A esta pequena frustração junta-se a tradução arrepiante! Ora aparecia "você", ora "tu" e surgiam expressões duvidosas como "coração querido", que o Joe usava quando se dirigia a Marilee. Coração querido? Será esta a tradução de "sweetheart"? Não faço ideia. A única certeza que tenho é que me retiraram algum prazer da leitura.
Para quem nunca leu Catherine Anderson é um bom livro para começar todavia, para as veteranas como eu, é apenas mais um que não faz grande alarido, nem surpreende. Lê-se bem e tem momentos enternecedores mas, não é mais do que isso.

3.5/7-RAZOÁVEL

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Os Pássaros da Morte de Mo Hayder

"No seu primeiro caso como investigador principal na Brigada Anti-Crime de Londres, o jovem detective Jack Caffery depara-se com um caso de um serial killer em ascenção. A descoberta do corpo de uma jovem mulher numa lixeira próxima do Millennium Dome de Greenwich abre as portas a estes sórdidos crimes. Um a um, são descobertos mais quatro corpos a apenas a alguns passos do primeiro. Cinco cadáveres, todos jovens mulheres brutalmente assassinadas de forma ritualistíca e estranhamente precisa. Para além da autópsia ter revelado que todas as jovens eram prostitutas, e a todas elas tinham sido injectado uma dose letal de heroína, directamente na base do crânio, e após falecimento tinham sido violadas. Como se não bastasse, descobriu-se mais um aspecto, o mais macabro de todos, que indica um único criminoso: na caixa torácica encontrava-se, no lugar do coração, um pássaro vivo. Usando todas as armas de que a ciência forense dispõe, Caffery e a sua brigada anti-crime travam uma luta contra o tempo, antes que o “Violador do Millennium” ataque de novo... "

A MINHA OPINIÃO:

Pássaros da Morte é um livro brutal em todos os sentidos! A crueldade dos homicídios descritos é inquietante e perturbadora! Mo Hayder não se coíbe nos detalhes macabros e nos pormenores mórbidos que me impressionaram vivamente e eu não sou uma pessoa facilmente impressionável. Este policial deixou-me estupefacta e ansiosa pelo desenlace. Jack Caffery, o protagonista, é um detective profissionalmente eficiente mas, marcado pela perda e pela vida socialmente disfuncional, fruto da sua incapacidade de enterrar o passado e seguir em frente. Jack é uma alma torturada pelo desaparecimento do seu irmão Ewan. O seu irmão mais novo é um fantasma que o agarra, impedindo-o de voar mais alto. O jovem detective é uma personagem cativante e os seus problemas fizeram com que me compadecesse ainda mais dele, o que aumentou a minha velocidade de leitura. Apesar dos seus crimes violentos e arrepiantes, é um livro compulsivo e viciante. Foi o meu regresso ao policial e não podia ter sido melhor... Mo Hayder é brilhante na construção desta história e o leitor entra na mente do polícia, da vítima e do assassino. O suspense é mantido até ao fim e, embora tenha desconfiado a certa altura de quem seria o assassino,o Homem dos Pássaros, isto não diminuiu a minha ansiedade e continuei a virar as páginas freneticamente. É crucial descobrir quem é o perpetuador dos homicídios porém, para conhecermos a sua identidade é necessário entender as suas motivações, por mais horrendas que estas sejam. Jack Caffery é inteligente e intuitivo e é com ele que partilhamos a investigação. Mas será ele capaz de travar o serial-killer? O final é irrespirável e os duelos entre o assassino e a justiça são angustiantes e surpreendentes. Fiquei chocada, boquiaberta e cheguei a reler algumas linhas só para verificar se tinha lido bem. É um livro intenso que pode ser demasiado forte para alguns paladares... Todavia, foi uma leitura verdadeiramente marcante e um regresso fantástico a um género que andava um pouco esquecido por estes lados!


6/7- EXCELENTE

sábado, 10 de setembro de 2011

As aventuras de Pinóquio - História de um boneco de Carlo Collodi


Este álbum reúne a universal obra de Carlo Collodi, numa nova tradução a partir das suas mais recentes edições críticas, e a série de pinturas que a consagrada artista plástica Paula Rego dedicou ao personagem Pinóquio. Este volume conta igualmente com um posfácio de Italo Calvino, e textos da escritora italiana Romana Petri sobre as pinturas de Paula Rego.

A MINHA OPINIÃO:

Pinóquio foi uma personagem que me deixou confusa! Às vezes, apetecia-me aplicar-lhe um belo correctivo ( uma boa palmada naquele rabo de madeira, servia!) por ser insolente, desobediente e por destroçar o pobre coração de seu pai e da Fada Azul que tão bem o tratavam. Mas, quando ele se arrependia e chorava desalmadamente com remorsos, ficava com pena e lá lhe perdoava. Pinóquio é um boneco que desperta sentimentos bem humanos no leitor! Não é a primeira vez que leio a sua história intemporal. Li-o há muitos anos e sinceramente não me recordava de muito. Contudo, este álbum é uma preciosidade e era inconcebível a ideia de não lê-lo! Além da história de Carlo Collodi contém pinturas lindíssimas de Paula Rego e um posfácio brilhante de Italo Calvino. Apesar de não me lembrar muito das aventuras de Pinóquio, tinha bem presente a sensação que ficou após a sua leitura há tantos anos. Fiquei maravilhada com as suas peripécias! Nesta segunda leitura, esta sensação esmoreceu um pouco. Às vezes, Pinóquio consegue ser tão ingénuo ao ponto de me irritar. Como é possível cair vez após vez no mesmo engano? Mas, posso justificar a minha falta de paciência com o facto de os anos terem passado. Já não sou mais aquela criança que se encantava facilmente com o País da Brincadeira ou com um pau de cerejeira que se tornou num boneco falante. Ainda assim, li o livro num só fôlego e, por incrível que pareça, apaziguou-me as noites!Apesar de ser uma história maioritariamente infantil não é um conto-de-fadas! Nas suas linhas encontramos mensagens para a vida como a de sermos persistentes e verdadeiros para alcançar os nossos objectivos com sucesso. O boneco que não quer estudar ou trabalhar é um professor surpreendente...  Este livro de Carlo Collodi tem uma linguagem infantil que pode não agradar a muitos que buscam uma obra brilhantemente escrita. Não o é. A sua riqueza reside no fascínio que as personagens impõem ao leitor. Será que Pinóquio irá reencontrar o seu pai? Será que emendará as suas acções? É uma leitura perfeita para os mais pequenos e para os graúdos lerem aos miúdos em voz alta pois, eles também podem tirar conclusões.

4/7-BOM