The Bible é uma mini-série de 10 episódios produzida pelo canal americano History Channel e que pretende cobrir a maioria dos grandes acontecimentos bíblicos desde o livro do Génesis até ao do Apocalipse. O texto que lhe deu origem será sempre alvo de discussão pelo que me debruçar sobre o mesmo e afirmar se ele é fiável ou não é absolutamente inútil e redundante e depende claramente da fé de cada um. Não sou propriamente uma leiga nestas histórias logo, o factor surpresa foi obnubilado pelo meu conhecimento anterior. Os 5 primeiros episódios são inteiramente dedicados ao Antigo Testamento e os restantes ao Novo Testamento. Condensar o Antigo Testamento em tão poucos episódios é uma tarefa dantesca pois, há muito para explorar e muito para explicar. Esta produção televisiva não consegue superar este desafio na totalidade.O primeiro episódio inicia-se com Noé que, estranhamente tem um sotaque escocês, aborda o dilema de Abraão e termina na juventude de Moisés. Muita história que é amontoada sem dó nem piedade! A presença de um narrador não é um bálsamo que cura todas as maleitas! Às vezes, a sequência de acontecimentos não é nada orgânica, perdendo-se a sua lógica e para um telespectador ignorante da Bíblia é potencialmente confuso. Nestes primeiros episódios, também se nota um certo melodramatismo de alguns actores nas suas interpretações, diálogos pobres e uma parca contextualização. No conto de Abraão é várias vezes batalhado o facto de a sua mulher, Sara ser estéril e é ela que o encoraja a ter um filho de outra mulher, Agar. Porém, e quase de momento para outro porque não há muito tempo para explicar, Sara, torna-se rancorosa e ciumenta de um filho que ela incitara a conceber. Ismael e Isaac, os dois filhos de Abraão são só brevemente mencionados o que é uma pena pois, segundo a crença: Isaac é a origem da nação hebraica e Ismael, o início da nação muçulmana.São pequenos pormenores que concederiam à mini-série alguma dualidade.
Estes primeiros episódios padecem todos dos mesmos males: os argumentos, às vezes com tiradas quase infantis, a pressa e algum despropósito. No entanto, eles vão aumentando gradualmente de qualidade sendo que, a vida de David num dos últimos episódios é tratada com uma certa maturidade, dignidade e com um bom desenvolvimento embora o final seja ligeiramente precipitado.
Os últimos 5 episódios, a vida de Jesus Cristo e dos Apóstolos, são o melhor de toda a produção. O argumento e os diálogos são incrivelmente melhores. Na verdade, parece que os episódios anteriores serviram só para empatar até os produtores atingirem o seu real objectivo: contar o nascimento do Cristianismo. Estes são dominados pela presença espectacular de Diogo Morgado. O Cristo do actor é magnetizante! A sua interpretação é brilhante dotando-o de uma ternura, de uma leveza e de uma sabedoria quase surreal que nos aproxima dele porque, ele tanto adopta um estilo paternal como filial. Ao mesmo tempo consegue incorporar uma certa celestialidade quase etérea que o distingue mas que não o afasta dos olhos do telespectador.
Os apóstolos também granjeiam os meus elogios particularmente, Pedro de Darwin Shaw e Paulo de Con O'Neil. A sua irreverência e o seu arrependimento foi tão bravamente e genuinamente interpretado que me tocou profundamente.Shaw consegue ainda fazer a transição de discípulo atormentado a líder inato sem qualquer dificuldade. Ele também se distingue entre a multidão. Também apreciei o protagonismo dado a Maria Madalena de Amber Rose Revah. Ela é quase retratada em pé de igualdade com os restantes apóstolos o que muito me agradou pois, normalmente o seu papel é negligenciado nestas produções. Todavia, nesta fase a série ainda tem algumas incoerências como não explicação do nome de Paulo e a não referência ao parentesco entre João Baptista e Jesus. São pequenos detalhes que escaparão a quem desconhece a história.
Visualmente, a série também melhora ao longo de todo o seu percurso. Algumas cenas especialmente, no Antigo Testamento são pouco verossímeis como a separação do Mar Vermelho que me remeteu para os filmes antigos de Hollywood. Era de esperar que a tecnologia, hoje em dia fosse melhor, não? Contudo, quando alcançamos o Novo Testamento, o Templo de Jerusalém é uma visão perfeita ou seja, também existem incongruências neste campo.
Relativamente à música, a banda sonora é fenomenal! Hans Zimmer é um génio musical e não há mais nada a dizer! Vibrante, épica ou de uma quietude inimaginável é, indubitavelmente das mais valias da série.
Assim,The Bible é uma série que se propõe a muito mas, infelizmente não cumpre todos requisitos que pretendia.Não obstante a sua visualização é agradável e até viciante quando entra na segunda metade graças à graciosa e talentosa presença de Morgado.
TRAILER:
não estava muito inclinada a ver isto, até porque estas séries/filmes sobre a biblia não diferem mt umas das outras e nem a presença do Diogo Morgado me estava a pesar na decisão. mas dp de ler o que escreveste vou dar uma espreitadela :)
ResponderEliminarMadrigal, espero que gostes mas não esperes muito dos primeiros episódios sobre o Velho Testamento.
EliminarOlá!
ResponderEliminarEspero ver esta série que vai agora passar na Sic! Estou muito curiosa para ver a representação do Diogo Morgado como Jesus; pelo que li aqui ele está mesmo muito bem, o que é fantástico. É sempre bom ver atores portugueses a terem destaque lá fora =)
Beijinhos!
Olá Maria:)
EliminarEu gostei muito mesmo da sua interpretação e não digo isto só por ser portuguesa. Ele está mesmo bem!
Estou super curiosa para ver esta série, principalmente depois da tua opinião! :)
ResponderEliminarJá agora, tens um selo à tua espera no meu blogue:
http://howtoliveathousandlives.blogspot.pt/2013/03/words-letters-selo.html
Beijinhos e boas leituras!
Olá Mónica,
EliminarObrigada...
pelos trailers que tenho visto e pela representação do diogo morgado em excertos no youtube...n tava nada inclinada a ver mas vai para a lista para ver XD
ResponderEliminarVera C., vale a pena ver nem que seja só os últimos episódios. Gostei muito da actuação de Diogo Morgado.
EliminarOlá Jojo!
ResponderEliminarOntem falaram-me nesta serie e hoje vinha ao computador com o propósito de ir fazer uma pesquisa sobre isso e foi uma alegria quando encontrei esta publicação aqui.
Não conheço a Bíblia na sua totalidade, mas fiquei curiosa com a serie. Talvez a vá ver, fiquei curiosa :)
Bom fim-de-semana.
Beijinhos*
Olá Alyra,
EliminarDepois dá-me o teu feedback. :) Beijinhos e obrigada pela visita.
Gostei muito da tua opinião. No Sábado vi um pouco do inicio e tal como dizes, achei que amarfanhavam muito para caber em pouco espaço. Não apresentavam bem a coisa, nem mostravam o porquê do quê, apenas uma ou outra situação. Vi pouco e no que vi, achei que insistiam muito na separação de Abrão e do sobrinho Lot... tive medo de ver o resto e me decepcionar mais ainda. Conhecedora da Biblia (não em profundidade, claro), gostava de ver certas situações refletidas ou pelo menos apresentadas e raramente isso acontece...
ResponderEliminarMas depois do teu comentário, se calhar ainda vou espreitar mais um pouco... a ver vamos...
Obrigada Maria João! Como disse considero que os episódios dedicados a Cristo e aos Apóstolos são muito superiores até porque só menos livros da Bíblia e assim eles não têm de cortar tanto para caber em 5 horas.
EliminarEstas observações seriam uteis se o único problema da humanidade fosse isso, pelo menos eles fizeram alguma coisa no que diz respeito a bíblia, e com certeza algumas pessoas vão no mínimo querer se aproximar mais de Deus. Nos tempos de hoje este tipo de crítica não ajuda em nada. Invista mais seu falando de coisas e comportamentos que realmente são danosos a família. Entendo que só posso criticar algo se posso fazer melhor, ou no mínimo sugerir algo melhor, por melhor que seja uma produtora nenhuma delas vão conseguir explicar a Bíblia na sua totalidade, até mesmo porque tem coisas que Deus revela de forma individual. Vamos orar mais que é melhor.
ResponderEliminarWashington Produção, obrigada pelo seu comentário.
EliminarO meu blogue é de opinião pessoal e como tal esta é uma crítica a uma mini-série e não ao livro que lhe deu origem. Acho que discutir os fundamentos da Bíblia (livro) depende claramente da fé de cada um. No entanto, saliento mais uma vez que o texto acima se refere única e exclusivamente ao produção televisiva. E eu, como audiência, seja qualquer for a minha religião, não fiquei totalmente satisfeita. Continuo a achar que os primeiros episódios são muito condensados. Conheço as histórias até porque as li da Bíblia (livro) e achei a abordagem dos produtores algo confusa. Quanto ao não conseguirmos explicar a Bíblia (livro) na sua totalidade é um facto indiscutível porque como diz e bem, há sempre um lado pessoal envolvido. Mas isso também acontece em menor escala com livros sem teor religioso e não por causa disso que deixamos de avaliar as suas adaptações cinematográficas ou televisivas.