Lincoln é um filme biográfico que abarca os últimos quatro meses da vida do afamado Presidente dos Estados da América e foca-se sobretudo, na sua luta pela 13ª Emenda da Constituição Americana que revolucionaria um país dilacerado pela Guerra Civil, abolindo a escravatura. É claramente nacionalista e lisonjeador da figura histórica que retrata. Porém, isso não belisca em nada o seu mérito de ser um grande filme! Daniel Day-Lewis é a alma, a coluna vertebral, a cabeça e o coração da metragem preenchendo o ecrã com a sua interpretação portentosa, soberba e verdadeiramente inacreditável de Abraham Lincoln! Quando está em cena, é inevitável que o nosso olhar se fixe nos maneirismos, na voz e nas palavras contagiantes, no humor e na quase surreal beleza que é o trabalho genial de composição de Day-Lewis. Ele desaparece completamente na personagem! Sem a sua aparição majestosa, o filme não teria, definitivamente tanta qualidade. O argumento também é muito inteligente e requer a máximo atenção do espectador para que não se perca nas contendas políticas. Ao contrário do que seria de esperar, é bastante lesto e inclui saraivadas hilariantes brincando com as situações do quotidiano e com a figura do político. Tommy Lee Jones como Thaddeus Stevens, partidário mais radical das hostes de Lincoln, é dos que mais se evidencia nesse campo quer seja a insultar calmamente o inimigo na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos ou a meter "medo" aos jovens e ingénuos políticos. A história não é puramente estadista sendo que, há um lado humano que é bastante enternecedor. A relação de Lincoln com a mulher e os filhos é colocada a nu. Será que é possível conjugar o presidente com o pai e o marido? Este conflito é patente em alguns momentos emocionantes particularmente, nos diálogos apaixonantes entre o protagonista e Mary Todd Lincoln ( Sally Field). A actriz consegue balançar a complexidade e a fragilidade da personagem com mestria e ela impõe-se ao magnífico Day-Lewis em cenas de grande poder emocional e sentimental.
O filme conta ainda com uma banda-sonora delicada e empolgante de John Williams que atinge o seu auge durante o clímax da história durante votação da emenda e durante os suspiros finais da metragem. Lincoln não é o melhor de Spielberg ( para mim, é A Lista de Schindler) todavia, vale a pena visualizá-lo nem que seja para testemunhar a memorável transformação de Daniel Day-Lewis!
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ResponderEliminarEstou completamente de acordo com a tua opinião.
ResponderEliminarEmbora, de facto, haja um tom nacionalista (se não houvesse, os americanos baniam o Spielberg), gostei daquele desmistificar do herói que, afinal, lá teve de alinhar na conquista/compra de uns votozinhos... :)
Sim, coitado do homem se não elogiasse o Lincoln! Era excomungado!
EliminarTambém gostei muito dos momentos em que Lincoln suborna ( sem dinheiro!) para conseguir os votos necessários.