domingo, 3 de março de 2013

Devaneios do Convidado... Huis Clos ( Entre quatro paredes) de Jean Paul Sartre


Hoje é dia de uma opinião que não a minha... Desta vez, o devaneio é francês.



Garcin, révolutionnaire lâche et mari cruel : douze balles dans la peau ; Inès, femme démoniaque qui rendra folle de douleur sa jeune amante : asphyxie par le gaz ; Estelle, coquette sans coeur qui noie son enfant adultérin : pneumonie fulgurante. Morts, tous les trois. Mais le plus dur reste à faire. Ils ne se connaissent pas, et pourtant, ils se retrouvent dans un hideux salon dont on ne part jamais. Ils ont l'éternité pour faire connaissance : quelques heures leur suffiront pour comprendre qu'ils sont leurs bourreaux respectifs. "L'enfer, c'est les autres".
Tous les thèmes sartriens sont là, orchestrés avec brio : la valeur de l'engagement, le poids des actes, les limites de la responsabilité. AvecHuis clos, le grand prêtre de l'existentialisme signait l'une des ses pièces les plus fortes : la scène se prêtait bien à ces réquisitoires concis et percutants, que l'on retrouvera dans Les Mouches et surtout Les Mains sales.
Une oeuvre phare du répertoire français. --Karla Manuele
A OPINIÃO DO CONVIDADO:
O criado abre a porta. Entram Garcin, Inês e Estelle. A divisão ao estilo do Segundo Império contém apenas duas poltronas, um bronze, um corta-papel, uma lâmpada permanentemente acesa e uma campainha avariada para chamar o criado. Nem um único espelho, apenas os olhos das personagens, olhos obrigados a não encerrar. Encontram-se presos, não tendo escolhido os companheiros de cela. 
Sente-se um calor intenso. Garcin, Inês e Estelle vociferam os seus pecados, discutem entre si, gritam entre surdos. Vomitam os seus terrores, expelem a sua imperiosa necessidade por demonstrar aos outros a sua valentia, a sua beleza e a sua paixão… como se fossem jóias brilhantes. Na realidade, estas figuras revelam apenas a opacidade fecal da cobardia, da vaidade assassina e da luxúria estéril. 
Garcin, o jornalista vindo de Rien, o pacifista, o cobarde, que necessita de mostrar a coragem, a masculinidade que nunca terá tido. 
Inês, a empregada dos correios, alimenta-se da luxúria e das paixões doentias que espera que as outras pessoas lhe manifestem. Ao mesmo tempo, Inês é a mais louca e a mais consciente. 
Estelle, a rica senhora que habita um châteaux, era uma pobre rapariga que faz um matrimónio de conveniência com um senhor velho e abastado. Estelle necessita de atenção permanente, precisa de público. Quer por todas as formas convencer Garcin a olhá-la, a tocá-la, a sentir-se viva e desejada. 
Ouvem à distância o mal que os seus companheiros terrenos dizem e pensam sobre eles. E como eles os esquecem, e como tudo isso os corrói e os corrompe. Impedidos de se reconhecerem a um espelho, só os olhos dos outros os vislumbram e os informam de quem são. Esperam que as restantes personagens os vejam pelo seu lado mais luminoso, porém são sempre notados pela sua sombria negritude. 
São almas surdas e solitárias que procuram a satisfação do ego, com palavras, com ações, com sangue… Garcin, Ines e Estelle procuram o seu reflexo nos espelhos, porém, há muito tempo que mergulharam neles como Narciso mergulhou no lago. Mais que retirar os espelhos da sala, o autor retira a compreensão dos outros, gerando um isolamento glacial, uma profunda solidão acompanhada. Este livro é uma profunda reflexão filosófica. Será a incompreensão a forma mais cruel de inferno? Será que “o inferno… o inferno são os outros”?

Nataniel Rosa (28 anos)- Médico Veterinário
PS: Obrigada Nat por cederes a este capricho da tua irmã mais nova:)!

2 comentários:

  1. Olá jojo,

    Bem excelente comentário e que acaba por ser um livro que nos deixa muito para reflectir sobre a vida, muito bem, gostei de ler.

    Esta ideia acaba por ser uma mais valia para o blogue, bem pensado ;)

    Bjs e boas leituras :)

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  2. Olá Fiacha:)
    Obrigada pelos elogios:) Hei-de de os dar a quem fez a crítica.

    Beijinhos*

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