domingo, 10 de março de 2013

As Esquinas do Tempo de Rosa Lobato de Faria


“"Quando Margarida chegou à Casa da Azenha teve aquela sensação, não desconhecida mas sempre inquietante, de já ter estado ali."
Margarida é uma jovem professora de Matemática. Um dia vai a Vila Real proferir uma palestra e fica hospedada num turismo de habitação, casa antiga muitíssimo bem conservada e onde, no seu quarto, está dependurado o retrato a óleo de um homem que se parece muito com Miguel, a sua recente paixão.
Por um inexplicável mistério, na manhã seguinte Margarida acorda cem anos atrás, no seio da sua antiga família.
Sem perder consciência de quem é, ela odeia esta partida do tempo. Mas aos poucos vai-se adaptando. Conhece o homem do quadro e apaixona-se por ele. 

Romance simultaneamente poético e fantástico, As Esquinas do Tempo é mais uma prova do indesmentível talento literário de Rosa Lobato de Faria.

A MINHA OPINIÃO:


As Esquinas do Tempo é um livro pequeno que, suavemente, nos seduz com a sua escrita poética e viagens temporais que se expandem pelos séculos. Ler Rosa Lobato de Faria é ser invadida pela sensação de leveza e pela borbulhante paixão das personagens e, este livro não é a excepção à regra. A temática da viagem no tempo não é nova no mundo literário nem nos próprios escritos da autora porém, ela é capaz de nos arrebatar com a sua fluidez de sentimentos e palavras. Apesar de o início ser potencialmente confuso, por haver tantas Margaridas, Marianas e Madalenas, é miraculoso o modo como a história nos cativa e como a ansiedade de ler mais surge indomável após fechar o livro. O mundano e o simples torna-se atraente e é salpicado pela doçura característica da escritora! Lobato de Faria não se fixa sobre o como ocorrem as viagens no tempo de Margarida mas, o que ela ganha com o tempo que passou e o que passa. Abençoada com o toque prodigioso da imaginação, As Esquinas do Tempo é daquelas obras que não resistem muito tempo a uma leitora voraz como eu. No entanto, não é supérfluo e mordazmente compara o papel da mulher de época para época, salientando que a emancipação alcançada foi uma dádiva e uma vitória! Timidamente e silenciosamente, critica e foca o matrimónio como uma moeda de troca e que nem sempre significa felicidade.É um volume ternurento e a exemplo de outros livros da autora, uma leitura refrescante com um final ambíguo que motiva a reflexão. Todavia, não tem o mesmo brilho que A Trança de Inês que me agarrou logo no primeiro parágrafo. O primeiro capítulo é periclitante pois, a introdução às personagens não é tão contagiante e poética, o que pode demover os iniciantes em Rosa Lobato de Faria. É mais discursivo e directo o que me causou alguma perplexidade que esperava o típico tom surreal dela. A verdade é que após as primeiras páginas, o livro ressurge como um filho pródigo com todas as qualidades que o transformam numa bela leitura!

4**/5 BOM**

4 comentários:

  1. Adorei esta história! Também a devorei, mas concordo contigo: não tem o tom surreal na linguagem como acontece com outros (até com "O prenuncio das águas"). Ainda não li "A Trança de Inês", mas já está na lista de compras. Já leste "A flor do sal"? É dos meus preferidos.

    Boa leitura!

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    1. Olá Su,
      Ainda não li A Flor do Sal mas já na listinha das próximas compras.

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  2. Olá Jojo,
    Da Rosinha já li 6/7 livros.
    Gostei muito da Trança de Ines, adorei Passaros de seda.
    Bjs
    Dulce

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    1. Olá Dulce:)
      Ainda não li Pássaros de Seda mas pretendo ler todos da "nossa" Rosinha!
      Beijinhos*

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