quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross



A autora reuniu, numa perfeita combinação, aspectos lendários com factos históricos do qual resultou um romance sobre Joana de Ingelheim. Filha de um missionário inglês e de uma mãe saxónica, Joana, nascida a 814, sente-se frustrada pelas limitações impostas à sua vida pelo simples facto de ter nascido com o sexo errado. O seu irmão Mateus começou a ensiná-la a ler e escrever quando Joana contava apenas seis anos. Com a sua morte, Joana recorre a toda a sua astúcia e capacidade de ludibriar de modo a continuar a dar largas à sua paixão pelo saber. Mais tarde, Joana foge de casa para seguir os passos do seu irmão João, a caminho da escola religiosa na Catedral de Dorstadt, onde ela se torna a única presença e estudante feminina tolerada. É quando surge Geraldo, e a vida de Joana muda ao aperceber-se de que o ama. No entanto, o seu amor é-lhe interditado pelas maquiavélicas manobras de Ritschild. Usando as roupas e identidade do irmão, depois deste ter sido chacinado durante um ataque normando, Joana foge e entra para o mosteiro de Fulda, onde ela se passa a denominar, depois de feitos os votos primordiais, João Anglicus. Trilhando o caminho de monge a padre num instante, enquanto apurava o seu conhecimento e técnicas de cura, Joana começa a traçar a sua rota direita a Roma, onde os seus dons lhe abrem caminho para se tornar confidente e físico curador dos dois papas. É nos meandros de várias intrigas políticas no meio eclesiástico que Joana, ela própria, ascende ao posto de pontífice máximo da Igreja Católica. A Papisa Joana resulta numa fabulosa e vívida recriação do período por nós conhecido como a "Idade das Trevas".


A MINHA OPINIÃO:

A Papisa Joana é uma obra fenomenal!!! É difícil expressar por meras palavras, o quanto adorei este livro e o quanto rejubilei e sofri com a protagonista. Este é um daqueles livros extraordinários que é capaz de me levar as lágrimas! Raramente, choro numa leitura! Rir, sim. Mas, poucos são os livros que me emocionaram ao ponto de parecer uma carpideira! A culpa é de Joana! Desde o seu nascimento até à morte, ela cativou-me pela sua força e pelo seu desejo de triunfar num mundo dominado pela superstição e pelo fanatismo religioso. Joana queria aprender, ler e escrever porém, a sua sede de sabedoria na Idade Média era vista como uma maldição. A ideia de que, quanto mais as mulheres aprendiam, mais inférteis se tornavam era bastante disseminada e socialmente aceite. As mulheres eram um meio para a procriação e, eram consideradas símbolos do pecado original. O papel da mulher era em casa e estudar estava fora de questão. A mãe de Joana, Gudrun, uma saxónica pagã, foi convertida ao Cristianismo pelo marido, um cónego. O pai, cego pelos ensinamentos distorcidos e pela crença irracional sempre desprezou Joana. Para ele, ela era um castigo de Deus! Porém, a futura papisa não desiste de aprender e conta com o auxílio de Mateus, o seu irmão mais velho. O cónego, que visava ter um filho homem, instruído e missionário recebe, um dia, a visita de um grego, Asclépios. Este professor admira-se com a inteligência de Joana e, faz um acordo com pai dela. Daria lições semanais a ela e ao seu irmão mais novo, João. Relutante, o cónego conforma-se porque, ambiciona um lugar numa das melhores escolas, a da Catedral, para o seu filho. Todavia, João é rapidamente ofuscado pelo raciocínio arguto da irmã! Joana é a primeira rapariga a entrar na Escola da Catedral em Dorstadt! Aí conhece Geraldo, conde de Villaris, muito mais velho do que ela. Fascinado pela audacidade e tenacidade da rapariga, o conde enamora-se por ela. Um amor proibidíssimo! Ela também lhe entrega o seu coração pois, é um homem que respeita o seu espírito livre. Mas, a vida de Joana toma outro rumo. Mal-entendidos, coincidências e finalmente, o destino separam-na de Geraldo e de Dorstadt. Joana assume outra identidade, João Anglicus.E como homem, todas as suas extraordinárias qualidades são-lhe reconhecidas. No mosteiro de Fulda, o "noviço" é um estudante brilhante e aprende a dominar a arte da medicina. Arte, que "o" colocará ao serviço do próprio Papa, atormentado por uma doença aparentemente incurável. Em Roma, as lutas pelo poder do Trono de Pedro são constantes. Multiplicam-se as conspirações e as intrigas. A honestidade do suposto padre João granjea-lhe o lugar de confidente do papa. E é nesta cidade que Joana reencontra Geraldo, quinze anos depois. Um amor nunca esquecido que delineará o futuro de ambos! O livro é maravilhosamente escrito e muito absorvente! A Idade Média, o pensamento medieval e os seus rituais são muito bem descritos e, houve momentos na leitura em que me senti sufocada por tanta ignorância e fanatismo. Partilhei com Joana, o seu sonho, desejando com todo o meu coração, o seu sucesso. Claro que já esperava um final trágico mas, este foi demais para mim! Depois de uma jornada longa e cheia de sacríficio, não consegui reter as lágrimas! Um livro que mexeu muito com as minhas emoções que me deu a conhecer uma mulher inesquecível e controversa! Será que existiu? Donna Woolfolk Cross faz um excelente trabalho ao justificar o seu romance e o papado de Joana nas notas de autor. É também uma obra que marca... Quando acabei de ler a última página senti um profundo vazio e ao mesmo tempo, felicidade, por ter tido a oportunidade de ler um livro soberbo. Sublime e com uma valiosa lição! Se lutarmos com afinco pelo nosso sonho, podemos alcançá-lo!


7/7-OBRA-PRIMA





O FILME:



Die Päpstin, no original, é a adaptação do best-seller de Donna Woolfolk Cross ao cinema. É dirigido por Sönke Wortmann e conta Johanna Wokalek como Joana, David Wenham como Geraldo e John Goodman como Sérgio, o papa. O filme é relativamente fiel ao livro exceptuando, algumas cenas finais. Algumas alterações não me agradaram muito porque, na minha opinião, retiraram emoção a momentos cruciais do livro. Não obstante, é um bom filme com interpretações muito boas de Johanna Wokalek e de David Wenham.


6 comentários:

  1. Parece de facto um livro fantástico, por hábito não o tipo de livro que suscite atenção mas fiquei de facto rendida ao teu post… parece-me ser o tipo de livro o que qualquer pessoa deve ler para aprender algo.

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  2. Não posso perder o filme e espero que essas cenas finais não me façam sentir defraudada!
    Com a chegada do filme também me entusiasmei e escrevi a minha opinião sobre o livro. Publicarei em breve! ;) Sem dúvida uma obra extraordinária e apaixonante!

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  3. Este também é um daqueles livros que tenho andado a namorar.
    Pela tua opinião vou mesmo comprá-lo.
    Adoro romances históricos :-)

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  4. Um livro apaixonante... Definitivamente a não perder!

    Convido a que vejam a minha opinião mais detalhadamente em:
    http://conspiracaodasletras.blogspot.com/2010/04/papisa-joana-donna-woolfolk-cross.html

    Continuação de boas letras.

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  5. Tenho este livro ali na prateleira, veio para casa como o livro de oferta da saída de emergência. Mas a verdade, é que ainda não consegui pegar-lhe mas com a tua opinião até me sinto envergonhada.

    Beijos

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  6. Estou muito curiosa para ler este livro. Só tenho lido coisas boas sobre ele.

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