
Em Hampstead, ao amanhecer dos anos 60, há uma casa que é a mais hospitaleira de todas do Norte de Londres. Nela vivem Julia, a austera dona da casa, e a sua ex-nora Frances, que tem de cuidar sozinha dos seus dois filhos adolescentes e de uma horda de amigos e conhecidos que eles trazem consigo. Ocasionalmente também aparece Johnny, filho de Julia e ex-marido de Frances, que um dia lhe deixa a cargo Sylvia, a filha problemática da sua nova mulher. À mesa onde estas personagens se sentam, também há lugar para o sonho. Mas, por detrás desse sonho, há um preço a pagar pelas ilusões. Doris Lessing, a «grande dama das letras britânicas», capta na perfeição a essência de uma década em que era «tudo para o melhor no melhor dos mundos possíveis». Um romance pleno, marcante, que homenageia a força motivadora do sonho e das relações.
A MINHA OPINIÃO:
Um livro absorvente e profundo...A admiração que agora sinto pela escrita de Doris Lessing cresceu gradualmente... As suas personagens, os seus sonhos, os seus fracassos são brilhantemente descritos. Uma obra que merece ser enaltecida porque cria uma janela para o período conturbado pós-guerra. Sortudo é o leitor que se abeirar dessa janela! Encontrei personagens reais que não sabem bem o que fazer com a liberdade que conquistaram. Têm sonhos belíssimos:paz e igualdade para todos. Mas, os caminhos da vida são tortuosos e esquivos e alguns perdem-se.
É um livro que atravessa gerações... Começa com Julia, a matriarca da família Lennox. Ela nasceu na Alemanha e casou com um inglês. Enviuvou e partilha a sua enorme casa com Frances, a ex-mulher de seu filho, Johnny. Johnny é um eterno comunista, vive ardentemente os seus ideiais e menosprezou a educação de seus filhos, Andrew e Colin. Assim, os seus dois filhos e a sua ex-mulher foram acolhidos pela mãe. A mansão alberga esta família e outros jovens tresmalhados que face à revolução de valores, estão à deriva. Todos eles têm sonhos.Com o passar da estória afeiçoei-me a uns e comecei a detestar outros. A esta casa também virá parar Sylvia, a minha personagem favorita. Sylvia é filha da segunda mulher de Johnny. Como não consegue lidar com esta adolescente frágil, Johnny " despeja-a" em casa de Julia. Contudo, esta rapariga franzina torna-se numa mulher forte e destemida. Médica de profissão, ela parte para África,um continente em ebulição que encontrou uma pretensa liberdade. Na sua missão, Sylvia lidará com a pobreza extrema e com a eminente epidemia, a SIDA. O governo e a própria população ignoram ou fecham os olhos a esta doença terrífica. Acreditam ser uma mentira inventada pelos brancos para evitar que os homens nativos tenham filhos. E foi com Sylvia que vi o ruir de um sonho. O sonho de tornar África, um continente independente e própero. Num sentido mais amplo, o sonho de mudar o Mundo, de o tornar melhor... porque às vezes, as intenções são boas mas, as acções e os meios para as alcançar, não.
Confesso que, no princípio, achei a leitura extenuante porém, no fim acabei por adorá-lo. Li-o calmamente para conseguir saborear a complexidade e a riqueza das personagens.Fabuloso!...
EXCERTO:
"-Estão baralhados-terminou Julia, levantando-se para se ir embora. Depois parou defronte de Frances, como as mãos afastadas, como se segurassem uma coisa invisível-uma pessoa?-que ela estava a torcer como um trapo. Esta é uma boa expressão: baralhados.E eu sei porquê.Perturbado, não foi isso que disse que o Colin estava?São todos filhos da guerra, eis a razão. Duas guerras terríveis, aí está o resultado. São filhos da guerra. Acha que pode haver guerras assim, como aquelas, guerras tão terríveis, e depois podermos dizer: Pronto, acabou-se, agora é voltar ao normal?"
PS:Obrigada N. pelo empréstimo!
tb quero mt ler este livro parece ser mt bom todos falam bem dele
ResponderEliminarjinhos
Confirma-se, portanto, que é merecedora do Nobel? :) Nunca li nada de Nobel nenhum, facto do qual me envergonho, mas a verdade é que nunca me senti atraído...
ResponderEliminarTive a mesma sensação ao ler este livro. Como retrata a vida de muitos personagens, no princípio levou-me a sentir um pouco cansada, mas à medida que ia entrando na suas vidas comecei a sentir-me parte delas e no fim fiquei mesmo com aquele sabor de «O sonho mais doce».
ResponderEliminarOlá...
ResponderEliminarTinkerbell,
opta por lê-lo quando tiveres tempo para poderes dar a devida atenção ao livro.O princípio do livro pode ser um bocadinho agreste.
tiago,
é uma obra maravilhosa, sem dúvida. Quanto ao ser digna de um Prémio Nobel...(não sei bem quais os critérios que Academia usa para premiar os autores)não sei bem o que dizer. É um livro excelente contudo,confesso-te que já li livros mais impactantes.Mas tudo isto é muito subjectivo...
Os Nobel também nunca me atraíram muito. Li em tempos, O Memorial do Convento no âmbito da disciplina de Português e adorei mas, de resto gosto de ler primeiro a sinopse para ver se vou gostar.Li este porque uma amiga o recomendou e emprestou. Não estou nada arrependida.
tonsdeazul,
ResponderEliminaré daqueles livros que primeiro se estranha e depois se entranha.
Ei Jojo,
ResponderEliminarExcelente resenha, ainda não li este livro mas parece ser maravilhoso.
bjo
Olá JoJO!
ResponderEliminarJá trazia este livro debaixo de olho há algum tempo,mas agora depois da tuo opinião fiquei rendida...um livro a ler sem dúvida!
bjinhs
p.s- Estás a gostar de "Quero-te muito"?
Olá Jojo, confesso que li muito pouco de Doris Lessing, vejo agora através de seu post e sinopse o que estava perdendo. As vezes julgo livros pela capa ou pela leitura rápida da orelha do mesmo; acredito que preciso mudar esses conceitos que nada mais são que limitadores. Obrigado pelo norte, com certeza irá para a minha lista.
ResponderEliminarAbraços
Confesso que este ano tentei pegar nesse livro, mas não consegui passar das primeiras págs.
ResponderEliminarAcho que tb tem a haver com a altura em que lhes pegamos e o nosso estado de espírito, não é? Hei-de dar-lhe uma segunda oportunidade.
Beijinhos e boas leituras!
Oi, Jojo!
ResponderEliminarDessa autora eu só conhecia "As avós". Mas esse que vc resenhou parece muito bom...
bjs
Depois dessa resenha, só tenho uma coisa a dizer: eu quero!!!!!!
ResponderEliminarOlá...
ResponderEliminarNanda,
o livro vai maravilhando o leitor à medida que vamos entrando na estória.
B.,
é um livro que requer alguma paciência no pincípio, mas não desanimes. Mais à frente, torna-se viciante.
Estou a gostar do Quero-te muito embora ainda vá nas primeiras páginas.
Marco,
conto saber a tua opinião depois.
Eu, pessoalmente, não gostei muito resumo da contracapa, acho que não faz justiça ao livro.
Ferncarvalho,
tem tudo a ver com o estado de espírito. Este pode parecer um pouco confuso no princípio e é preciso ser-se um pouco persistente e estar com disposição para tal.
Miriam,
Não conheço o Avós. Vou ver se o encontro algures.
Carla,
Boa leitura então!
Bjinhos e boas leituras a todos!
fiquei com imensa vontade de ler 'o sonho mais doce', gostei muito da tua crítica!
ResponderEliminarÓptimo blog! ;)
beijinho,
Catherine
Olá Catherine!
ResponderEliminarBem-vinda!...
Obrigada pelo elogio:).
Bjinhos*
Olá.
ResponderEliminarEste livro parece mesmo muito bom. Todos falam bem dele e todos o elogiam de forma tão intensa que dá vontade de o ler.
Ainda estou no inicio de "O Nome do Vento" mas estou a adorar. Acho que, até agora, está excepcionalmente bem escrito e cativante. Espero que continue a sê-lo.
Até à próxima e boas leituras =)
O enredo da história parece-me bastante interessante. Na verdade nunca me senti atraída por personagens reais, com histórias com as quais me possa identificar uma vez que considero ler um refúgio onde a realidade só começa quando chegamos à última página de um livro. De qualquer maneira, com a tua opinião, sempre me dá a entender que é uma obra a ter em conta.
ResponderEliminarBeijinhos Jojo=)
Patrícia
Olá linda. Não tenho nada de profundo para te dizer sobre este livro, lol. Mas a tua crítica está muito boa, assim como todas as outras.
ResponderEliminarTens uma metamorfose à tua espera no meu canto (mas não mudes, tá?).
Beijos
parece que é realmente merecedor de um Nobel!excelente crítica! fiquei curiosa, apesar de não ser o meu género literário - mas sempre temos de varial de vez em quandonão é?
ResponderEliminarbjinhos e boas leituras!
tati
Estou admirado, Jojo!
ResponderEliminarDoris Lessing foi prémio Nobel, salvo erro em 2006 e os Nobel têm sido tão obscuros que... não fazia ideia que esse livro fosse tão interessante.
É o tipo de temas que me fascina...
tentador...
Ola Jojo!
ResponderEliminarDefinitivamente tenho de ler este livro : )
Beijinho
Olá a todos...
ResponderEliminarGoldasky,
ainda bem que estás a gostar do Nome do Vento. Quando acabares vou espreitar a tua opinião.
Patrícia,
percebo o que queres dizer.Às vezes também procuro fugir à realidade através da leitura. Mas de vez em quando, gosto de ler livros deste género. Depende muito do estado de espírito.
Catarina,
obrigada pelo selo:D e pelo elogio que tenho de retribuir pois as tuas críticas também são muito boas.
Tatiana,
é um bom livro para mudar de género. Se algum dia, tiveres essa ideia aposta neste.
Manuel,
é um livro excelente. Vale a pena dedicar-lhe algumas horas. Eu aprendi muito com ele.
Ines,
depois vou ver a tua opinião.:)
Esqueci-me de agradecer a todos os vossos comentários.
ResponderEliminarBjinhos*