
O clássico As Brumas de Avalon regressa ao mercado português para dar a
conhecer a uma nova geração esta história mágica e intemporal centrada
nas mulheres que, por detrás do trono de Camelot, foram as verdadeiras
detentoras do poder.
Morgaine é ainda uma criança quando
testemunha a ascensão de Uther Pendragon ao trono de Camelot. Uther
deseja Igraine, a mãe de Morgaine, presa a um casamento infeliz com
Gorlois. Mas há forças maiores que estão em curso e que se
preparam para mudar as suas vidas para sempre. Através da sua
sacerdotisa Viviane, Avalon conspira para unir Uther a Igraine e dessa
aliança nascerá Arthur, a criança que salvará as Ilhas. Morgaine,
dotada com a Visão, é levada por Viviane para Avalon onde irá receber
treino como sacerdotisa da Deusa Mãe. É então que assiste ao despertar
das tensões entre o velho mundo pagão e a nova religião cristã. O que
Morgaine desconhece é que o destino irá armar-lhe uma cilada e pô-la, de
novo, no caminho do meio-irmão Arthur da forma que menos espera…
A MINHA OPINIÃO:
As Brumas de Avalon são uma saga incontornável para quem aprecia o mito arturiano. Logo, era-me imprescindível a sua leitura. A Senhora da Magia, o primeiro volume da tetralogia, é uma peça introdutória que nos apresenta Morgana e Arthur e tudo o que envolveu o seu nascimento e a sua ascensão a sacerdotisa de Avalon e rei de Camelot, respectivamente. As acções premeditadas e as atitudes irreflectidas que ditarão o seu destino são aqui narradas de forma excepcional. Zimmer Bradley consegue descreve a beleza e o misticismo da ilha de Avalon, a brutalidade da guerra e o confronto entre a antiga e a nova religião com a mesma seriedade e realismo conferindo-lhe aquela sensação única de veracidade. Imersos numa história belíssima, os personagens são tão lendários quanto inesquecíveis! Viviane e Merlin são, talvez, dos mais intrigantes. Aquela quase obsessão pelo dever, pela devoção à Deusa e a contradição com os seus sentimentos quanto os seus objectivos não coincidem são conflitos bastante humanos e compreensíveis.
O livro é narrado de uma perspectiva feminina mais, concretamente, pela própria Morgana. É visível o poderio feminino ao longo das páginas do livro. Em Avalon, a mulher é detentora de grande autoridade e possuidora de grande liberdade desde que respeite os ensinamentos da Deusa. O contraste com a cultura romana e mentalidade da idade média não podia ser maior. Ela resigna-se ao seu papel de esposa obediente ao marido e mãe. Porém, as linhas não são tão claras como aparentam. Viviane e Igraine são duas irmãs que espelham bem o que significa viver sob a régie de Avalon e sob as ordens de um marido romano. Será que a liberdade concedida a Viviane também não é um cárcere? Apesar de, indiscutivelmente, amar o seus filhos e Morgana, como sua própria filha, tem de relegar as suas emoções em prol da Deusa. E Igraine? Cujo matrimónio com um não-crente a restringe como filha de Avalon que é? É esta complexidade que torna os intervenientes na história tão atraentes aos olhos do leitor. É mérito da autora, engrandece o enredo e nos abstrai, eventualmente, da facilidade com que algumas personagens se apaixonam ou se desapaixonam. É uma das falhas deste A Senhora da Magia, os diálogos que levam a relações amorosas soam algo artificiais pois, não se presencia o surgir em si do amor. Toma-se esse facto como adquirido. No entanto, holisticamente acaba por não ter grande importância perante a grandiosidade e a magnificência desta obra de Marion Zimmer Bradley.
É um livro que não me arrependo de o ter lido porém, esperava um pouco mais...
5/7- MUITO BOM