segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Cor do Céu de James Runcie


Um pequeno tesouro para se descobrir. 

Veneza no ano de 1295. Aquando das festividades do dia da Ascensão, Teresa Fiolaro, uma mulher que há muito tentava em vão ter um filho, encontra um bebé abandonado num estreito canal. Chama-lhe Paolo. Apesar da resistência do seu marido, a jovem cria a criança em casa, no meio dos vidreiros de Murano. Quando Paolo cresce, os seus novos pais apercebem-se que ele vê mal ao longe, mas que ao perto tem uma estranha e apurada capacidade de distinguir cores e tons. Esse dom é reconhecido por Simone Martini, um pintor de Siena, que envia Paolo numa viagem para encontrar o perfeito azul ultramarino, a cor do céu. Essa viagem vai levá-lo para lá do mundo conhecido, através da Pérsia, Afeganistão e China, onde terá oportunidade para aprender mais sobre as cores, a beleza e o amor, mas também sobre a derradeira diferença entre ver e olhar.

A MINHA OPINIÃO:

A Cor do Céu é uma pequena preciosidade! A busca incessante pelo azul perfeito torna-se numa jornada cheia de cor até ao âmago da alma humana! Paolo é um jovem italiano com quem empatizamos de imediato devido as suas origens misteriosas, a sua generosidade, o seu desejo pela visão e o seu gosto pela aventura e aprendizagem. Adorei conhecer cada povo, cada costume, cada religião com que ele se deparou. O seu grupo de viagem é igualmente heterogéneo: Jacopo, um judeu e Salek, um muçulmano. James Runcie aproveita esta diversidade para criar debate entre os personagens sobre as suas crenças e superstições. O livro também me chamou à atenção por outro motivo, a estranha "doença dos olhos" de Paolo e como ele lidou com essa enfermidade . É estranha porque no século XIII não havia tratamento ou resolução para a miopia. O escritor é sagaz ao delinear o percurso do italiano. Paolo não via bem fisiologicamente mas via perfeitamente a vida. Quando a realidade muda, como irá ele reagir? A adaptação é morosa porém, o encontro com o homem santo oriental é delicioso de se ler. As recomendações do velho homem parecem bizarras todavia, entre as suas palavras está uma filosofia de vida ímpar. A Cor do céu é uma leitura tocante que não atinge o patamar de obra-prima porque não é muito equilibrado. Por um lado, aborda temas complexos e é profundo nas suas conclusões. Por outro lado, é demasiado superficial deixando-nos ávidos por um mistério que nunca é respondido. No entanto, este livro é uma pérola! É uma jornada muito agradável cheia de lições e fascinantes descobertas.

4/7- BOM**

2 comentários: