segunda-feira, 30 de julho de 2012

Resistir ao Amor de Jill Mansell


Enquanto adolescente, Maddy Harvey era um patinho feio com óculos grandes, cabelo despenteado e dentes tortos. Felizmente cresceu e tornou-se num deslumbrante cisne. Quando numa noite de verão conhece o irresistível Kerr McKinnon, pensa que está no Céu. Mas uns dias depois, quando descobre a que família ele pertence, tem a certeza que está no Inferno. É que toda a gente em Ashcombe sabe o que aconteceu há onze anos, e a mãe de Maddy prefere destruir todos os McKinnon com as próprias mãos a permitir que a filha namore com um deles. Maddy sabe que deve resistir ao amor, mas que culpa tem ela que o seu príncipe encantado seja um fantasma do passado? 
A história de Romeu e Julieta renasce com o charme e o delicioso sentido de humor que só Jill Mansell possui.

A MINHA OPINIÃO:

Resistir ao Amor foi um livro que decidi ler num impulso.  Não estava a prever lê-lo tão cedo porém, estava saturada de tanto estudo e precisava de uma lufada de ar fresco. Tal como os restantes livros de Jill Mansell, esta obra é o que eu chamaria de "comédia romântica" no cinema.  A autora fornece o livro de várias situações caricatas e personagens desastradas que, mais uma vez infundem a história de humor e amor. Sim, Jill Mansell escreve sobre o amor contudo, a sua abordagem é distinta dentro do género. Sempre hilariante, os seus casais são um ocaso do destino o que, geralmente, resulta uma grande barafunda e é só no final  que eles conhecem o sossego (a maior parte!). Este livro não é excepção. Maddy conhece o seu Kerr num momento de fraqueza fisiológica e totalmente inapropriado. Só que mais tarde descobre que o seu apaixonado é de uma família inimiga e aí temos o caldo entornado! Em torno de o casal protagonista surgem outras relações tão absurdas quanto hilariantes. A escrita de Jill Mansell é simples e não há nada de extraordinário nela propiciando uma leitura rápida e de consumo fácil. Todavia, Resistir ao Amor não é. para mim, dos melhores dela. Não é tão divertido quanto os anteriores. A autora incute um certo dramatismo à história o que me baralhou porque uma das minhas razões para optar por esta leitura foi desanuviar e evitar o drama de livros mais densos. Talvez seja por isso que não gostei tanto deste como de Romance Atribulado. Uma leitura razoável que me entreteu durante algumas horas...

3/7-RAZOÁVEL

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A História Interminável de Michael Ende

A História Interminável é uma singular fantasia épica com todos os requisitos do género: criaturas fantásticas, paisagens exóticas, florestas sombrias, encantamentos, rituais de cavalaria, espadas e amuletos, uma imperatriz Criança e tudo aquilo que possamos imaginar, visto que Fantasia é o próprio mundo da Imaginação. Tudo começa quando Bastian descobre um estranho livro numa não menos estranha livraria e se sente subitamente compelido a roubá-lo como se algo de mágico o estivesse a arrastar para uma perigosa aventura. Uma obra que passou ao grande ecrã como um filme de culto.

A MINHA OPINIÃO:

A História Interminável é uma jornada aparentemente infantil que toma proporções assombrosas e maravilhosas. O livro é dominado completamente pela beleza e singularidade das paisagens criadas por Michael Ende e pelas personagens excêntricas e arrebatadoras. A criança dentro de nós  regozija-se com as aventuras de Atréiu e do seu dragão madre-pérola e o adulto encontra tesouros de sabedoria ocultos metaforizados nas suas palavras. A ideia de que o que fazemos tem consequências mesmo que o façamos de boa intenção é debatida através do leitor dentro do livro, Bastian Baltasar Bux. E Bastian não foi o único que se interrogou... Também eu fiquei curiosa com o que seria o Nada. É uma entidade aterrorizadora, ao cairmos no Nada esquecemo-nos de quem somos e a mentira apodera-se de nós. Estes debates e descrições são algumas das belezas do livro porque toca a nossa criança interior pois, o nosso herói está em perigo e queremos que ele se salve porém, também apela ao adulto por abordar um conceito tão complexo e quase niilista. É deveras fantástico o que Ende consegue trazer para ribalta sem nunca se esquecer da acção do livro. Ele escreve, nós lemos, sentimos e reflectimos. As letras parecem ter movimento devido à narração de Bastian (do nosso mundo) ter uma cor diferente da do mundo de Fantasia, literalmente. Revela o grande poder das palavras que é o de transformar o mundo. A Imperatriz-Criança, Bastian, Atréiu são apenas intermediários do autor para que dar uma mensagem final: a esperança. O mundo poderá estar à beira do abismo mas, somos nós que tomamos as decisões e portanto, podemos reerguê-lo. Michael Ende é escritor pós-guerra e é entusiasmante verificar como ele se indaga e como a sua filosofia continua a ser tão actual. O livro está cheio de descrições poéticas lindíssimas e profundas que contrastam com certas passagens mais infantis em que o autor opta pela simplicidade e ingenuidade. Inesquecível, A História Interminável é trepidante, emocionante e tentador! Uma leitura para saborear e para se perder na criança que há nós e acordar o adulto que caiu no Nada e que se esqueceu de que era!

7/7-OBRA- PRIMA

terça-feira, 24 de julho de 2012

As Memórias de Cleópatra II- O Signo de Afrodite de Margaret George

Segundo volume de uma viagem maravilhosa: a visita ao Antigo Egipto e à vida de Cleópatra, a rainha do Nilo. 

Escritas na primeira pessoa, As Memórias de Cleópatra começam com as suas recordações de infância e vão até ao seu glorioso reinado, quando o Egipto se torna num dos mais deslumbrantes reinos da Antiguidade. As Memórias de Cleópatra são uma saga fascinante sobre ambição, traição e poder, mas também são uma história de paixão. Depois de ser exilada, a jovem Cleópatra procura a ajuda de Júlio César, o homem mais poderoso do mundo. E mesmo depois do assassinato daquele que se tornou o seu marido, e da morte do segundo homem que amou, Marco António, Cleópatra continua a lutar, preferindo matar-se a deixar que a humilhem numa parada pelas ruas de Roma.Na riqueza e autenticidade das personagens, cenários e acção, As Memórias de Cleópatra são um triunfo da ficção. Misturando história, lenda e a sua prodigiosa imaginação, Margaret George dá-nos a conhecer uma vida e uma heroína tão magníficas que viverão para sempre.

A MINHA OPINIÃO:

O primeiro volume-A Filha de Ísis- desta trilogia foi absorvente e promissor e o meu entusiasmo relativamente ao segundo livro era enorme e muito compreensível. Não houve um momento de frustração, desânimo ou uma pausa entediante. O Signo de Afrodite é portentoso e opulento em emoções, sentimentos e descrições belíssimas. Através do relato de Cleópatra tudo se materializa e é corpóreo como se estivesse mesmo a andar pelos corredores do palácio em Alexandria ou ao leme de um barco luxuoso e deslumbrante a caminho. Cleópatra amadureceu neste volume, renasceu das cinzas da pira funerária de Júlio César e abraçou o seu destino como rainha do Egipto e mãe de Cesarion. Porém, ter um filho com o sangue de César é dramático especialmente, quando o herdeiro legal de César, Octávio é astucioso e ambicioso. A minha grande questão neste livro era: "Como seria Marco António?". Há vislumbres dele no primeiro volume contudo, nada de muito concreto. Foi muito agradável constatar que Marco António e Cleópatra não são uma cópia de Júlio César e Cleópatra. Margaret George é brilhante em distinguir as duas relações e em encontrar diferenças entre os dois generais romanos. A própria Cleópatra que procurava um aliado ficou surpreendida com Marco António. César tinha o sonho de Alexandre Magno de unir os povos  mas, de alguma forma deixava-se restringir pelo senado. Marco António é mais apaixonado, mais intenso e mais liberto encarando a vida como uma dádiva e, facilmente se adapta a qualquer cultura tornando-a dele. São dois estrategas militares extraordinários todavia, cada um tem as suas virtudes e as suas fraquezas. A relação de António com a rainha egípcia é excepcionalmente retratada. Um amor intenso e revoltoso com violentas discussões pois, são duas culturas a colidirem. Aí está uma das grandes diferenças entre César e Cleópatra e António e Cleópatra. César e Cleópatra tinham um sonho em comum mas, era ele quem dispunha do poder. No segundo volume, Cleópatra tem um novo aliado porém, um amante e confidente e alguém que está disposto a partilhar o poder. No entanto, o amor pode cegar-nos e num tempo tumultuoso em que um passo em falso era a morte, o mediático casal trava duras batalhas tendo como inimigo, o temível Octávio. Mas o mais fascinante deste livro é como ele nos agarra apesar de os acontecimentos nele contados serem sobejamente conhecidos. São obviamente algo romanceados não obstante, apreciei as várias referências histórias que autora colocou. Também é uma leitura algo tendenciosa porque só temos a visão de Cleópatra que obviamente, não diria bem de Octávio, o que me deixou com ódio de morte a essa personagem histórica. Mas era guerra e nela não há bons nem maus somente, vencedores e vencidos. O modo como Margaret George disseca as culturas de cada povo e o conflito que advém do seu choque de tradições, é notável. A grega, a romana, a egípcia, a hebraica são alvos da minúcia e meticulosidade da escritora. É uma leitura excelente, um absoluto deleite para uma admiradora da História como eu que, se sentiu muito bem na companhia de tão célebres personalidades! Viajei no tempo e caminhei entre grandes que, ao mesmo instante são simples humanos cedendo ao amor, ao desespero, ao capricho e à ambição. Li numa das contra-capas de um dos volumes da trilogia que ler estes livros eram como " se os frescos egípcios ganhassem vida". Subscrevo cada letrinha!

6/7-EXCELENTE

segunda-feira, 16 de julho de 2012

De volta...

Falta uma semana para terminar a primeira fase dos meus exames e posso cantar vitória: Oftalmologia (exame e oral); Neurologia (exame e oral), Psiquiatria (oral e histórias clínicas) estão feitas com distinção... xD Só falta Cirurgia no fim desta semana. Assim os Devaneios vão voltar aos poucos e a meio gás durante esta semana. Tenho 6 livros para opinar: Os Pilares da Terra I e II, A Dama Negra, Resistir ao Amor, Memórias de Cleópatra II e A História Interminável. Desejem-me sorte para o último exame:) Beijinhos e obrigada a todos! 

sábado, 23 de junho de 2012

Exames...

Meus queridos seguidores, serve esta presente publicação para vos informar que Os Devaneios vão estar órfãos até ao fim do mês do Julho por motivo de stress, défice de tempo e exames. Culpem Oftalmologia, Psiquiatria, Neurologia e Cirurgia que fugiram com o meu tempo para destino incerto!... As leituras continuam embora, a passo de caracol e A História Interminável, As Memórias de Cleópatra II e Resistir ao Amor de Jill Mansell já estão lidos porém, ainda não tive tempo para respirar quanto mais para redigir uma opinião! Para os mais curiosos, iniciei a leitura de Os Pilares da Terra de Ken Follet e está a ser uma agradável surpresa...

Até ao fim do mês e desejem-me sorte:)!!!

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Beijo Encantado de Eloisa James

Forçada pela madrasta a ir a um baila, Kate conhece um príncipe... e decide que ele é tudo menos encantado. Segue-se um esgrimir de vontades, mas ambos sabem que a atracção irresistível que sentem um pelo outro não os levará a lado nenhum. Gabriel está prometido a outra mulher – uma princesa que o ajudará a alcançar as suas ambições implacáveis.
Gabriel gosta da noiva, o que é uma surpresa agradável, mas não a ama. Obviamente, deve cortejar a sua futura princesa, e não a beldade espirituosa e pobre que se recusa a mostrar-se embevecida.
Apesar das madrinhas e dos sapatinhos de cristal, este é um conto de fadas em que o destino conspira para destruir qualquer oportunidade de Kate e Gabriel poderem ser felizes para sempre.
A menos que um príncipe abdique de tudo o que o torna nobre...
A menos que o dote de um coração indisciplinado triunfe sobre uma fortuna...
A menos que um beijo encantado ao bater da meia-noite mude tudo.

A MINHA OPINIÃO:

Os romances de época não me têm agradado muito ultimamente. Eram leituras que apreciava por serem leves e com um final feliz. É certo que estes livros terão sempre uma grande previsibilidade quer seja no seu término quer seja na direcção da história porém, o desenrolar não é suposto ser igual a todos. Após algumas leituras decepcionantes neste género, O Beijo Encantado foi um alívio. Ele consegue original marcando a diferença por adulter um conto tradicional dando-lhe um ar mais moderno e em que a protagonista não é uma mulher indefesa e deprimente mas sim, inteligente, honesta e habituada a lutar pelo o que quer. Gabriel, o príncipe não é assim tão encantado. É emproado e habituado a ter tudo o que quer. Não é amor à primeira vista, é picardia ao primeiro olhar. As constantes quezílias e discussões dos dois tornam a relação mais credível e a química gradualmente mais intensa e electrizante. Eloisa James cria ainda personagens secundárias hilariantes como Henry, madrinha de Kate e tio maluco de Gabriel. O livro está polvilhado com humor e a inclusão de animais quer sejam cães ou leões é, indubitavelmente surpreendente e muito engraçado. A escritora brinca com as convenções do conto da Cinderela distorcendo-as, fazendo-as perder a infantilidade e e adequando-as à sua realidade mais madura. O Beijo Encantado foi uma leitura deliciosa e refrescante pois, já algum tempo que não li um romance de época tão bom.

4/7-BOM


PS: Obrigada C. pela prendinha!:)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Kafka à beira-mar de Haruki Murakami

Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa- procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima, como a do assassino, permanecerão um mistério.
Trata-se, no caso, de uma clássica (e extravagante) história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.

A MINHA OPINIÃO:

Kafka à beira mar de Haruki Murakami é dos livros mais excêntricos que alguma vez li. É também um dos melhores! O escritor nipónico é perito em suscitar questões sobre o nosso propósito  de vida. O livro está cheio de enigmas mascarados de metáforas e de limites alquebrados. As definições são inexistentes e tudo o que julgamos verdadeiro é uma ilusão. A linha do tempo e a que separa a vida da morte é ténue. Tudo é uma caminhada para alcançar o seu "eu". De carácter filosófico e simbólico, Kafka à Beira Mar é estranho mas, ao mesmo tempo, familiar porque se compreendemos a jornada, não entendemos o seu alcance ou a sua natureza. E todas as personagens de Murakami têm uma natureza singular. São completamente distintas do que esperávamos. Não existe "vulgar" ou "banal" no vocabulário do autor. São metamorfoses constantes moldando-se às circunstâncias. No meio, desta estranheza surgem novos acontecimentos peculiares: humanos que falam com gatos, chuvas diluvianas de peixe, sombras incompletas e metades perdidas. É um livro que nos questiona  repetidamente e para encontrarmos todas respostas temos que penar bastante. Algumas questões ficam mesmo pela retórica e jamais serão respondidas porém, aí também reside algum encanto da história. Não há nada de trivial nesta obra de quase seiscentas páginas. Os destinos do jovem Kafka e do velho Nakata estão em rota de colisão, ou assim parece. Um resolverá o outro. Pelo caminho encontramos uma biblioteca belíssima, uma floresta labiríntica e pequenos prazeres de cultura geral que Murakami coloca nos diálogos das personagens: vários poetas, livros, valores tradicionais japoneses e grandes pensadores são mencionados. Brilhantemente, eles não estão lá por acaso. São pequenas ajudas ao leitor que procura ansiosamente conhecer o destino de Kafka e Nakata. É um livro com um início inesperado e um final surpreendente! A leitura não é fácil porque, apesar de ser voraz( no meu caso) não é desprovida de significado e cada página indaga quem a lê. É um livro sobre a eterna busca do "ser" ou do "eu" se preferimos.É uma história enigmática onde a fantasia, não racional, é essencial na construção da identidade da pessoa e no delinear do seu propósito de vida. Kafka à beira-mar não é para todos os paladares literários. Arrisco-me a dizer que é daqueles livros que se ama ou que se odeia! Para mim, foi enriquecedor e delicioso e, naqueles momentos após o final fui novamente assaltada por dúvidas e novos raciocínios surgiram como tentativas de explicação de alguns episódios. Um livro estonteante como só Murakami sabe fazer!

7/7-OBRA-PRIMA


PS: Obrigada N. pela magnifica prenda de Natal!:)

sábado, 2 de junho de 2012

Sangue-do-coração de Juliet Marillier

Uma floresta assombrada. Um castelo amaldiçoado. Uma jovem que foge do seu passado e um homem que é mais do que parece ser. Uma história de amor, traição e redenção...
Whistling Tor é um lugar de segredos, uma colina arborizada e misteriosa que alberga a fortaleza deteriorada de um chefe tribal cujo nome se pronuncia no distrito em tons de repulsa e de amargura. Há uma maldição que paira sobre a família de Anluan e o seu povo; os bosques escondem uma força perigosa que pronuncia desgraças a cada sussurro.
E, no entanto, a fortaleza abandonada é um porto seguro para Caitrin, a jovem escriba inquieta que foge dos seus próprios fantasmas. Apesar do temperamento de Anluan e dos misteriosos segredos guardados nos corredores escuros, este lugar há muito temido providencia o refúgio de que ela tanto precisa.
À medida que o tempo passa, Caitrin aprende que há mais por detrás do jovem desfeito e dos estranhos membros do seu lar do que ela pensava. Poderá ser apenas através do amor e da determinação dela que a maldição será desfeita e Anluan e a sua gente libertados.

A MINHA OPINIÃO:

Sangue-do-Coração é um livro enfeitiçante que invoca a nossa infância de contos-de-fadas de encantar, de belas princesas e de bruxas más. É uma versão mais madura da Bela e o Monstro de Marillier. Apesar de ter a essência do clássico, a história é grande por mérito próprio. A autora cria uma atmosfera mágica que lembra Jane Eyre ou mesmo O Monte dos Vendavais devido a Whistling Thor, a colina que sussurra, um lugar místico e tão antigo como tempos imemoriais. O enlevo de Marillier pelas histórias tradicionais é bem vísivel, nas pequenas homenagens que ela planta ao longo dos capítulos.Adorei a introdução dos espelhos, objectos que tantas vezes surgem nos contos como poderosos, visionários ou destruidores. Caitrin é uma protagonista típica da escritora. Ela suplanta os infortúnios do seu passado e atreve-se a mostrar o caminho da esperança a Anluan. Apesar de não ter a força e a atracção de Sorcha de A Filha da Floresta, Caitrin é voluntariosa e bondosa e é impossível não torcer por ela. Anluan, o chefe tribal é, para mim, a personagem mais marcante. É jovem mas, está acabrunhado pela responsabilidade e pela solidão. A sua transformação ao longo do livro, é notável. Juliet Marillier conseguiu mais uma vez que me emocionasse com a jornada das suas personagens e que eu lesse madrugada adentro em busca de respostas. Todavia, Sangue-do-Coração não é fenomenal como Sevenwaters ou As Crónicas de Bridei. Culpo a sua previsibilidade. O ambiente continua a ser mágico, a escrita apaixonante porém, o desenlace não teve nada de inesperado, que me surpreendesse, o que faz deste livro, uma leitura menor entre o panteão das obras de Marillier. Ainda assim, é a melhor reinvenção de A Bela e o Monstro que já li e a autora é suficientemente perspicaz para nos fazer meditar sobre o preconceito e a diferença!

5/7- MUITO BOM

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Devaneios à Solta...O Jogo de Anjo de Carlos Ruiz Záfon

Hommage à Pessoa, Largo de S.Carlos, Lisboa
(foto da minha autoria)


"Já nesse tempo, os meus únicos amigos eram feitos de papel e tinta.(…)Onde os meus colegas viam moscas de tinta em páginas incompreensíveis, via eu luz, ruas e gente. As palavras e o mistério da sua ciência oculta fascinavam-me e pareciam-me uma chave com a qual era possível abrir um mundo infinito e a salvo daquela casa, daquelas ruas e daqueles dias turvos, nos quais até eu conseguia intuir que me estava reservada numa escassa sorte."  página 46 in O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Záfon

O Lugar das Coisas de Miguel Almeida (Divulgação)


"Em O Lugar das Coisas cabemos todos, criados pela voz singular de Miguel Almeida, que nos recria até ao âmago da alma e onde, mais puros, perdemos a inocência. Um livro de poesia e de vida, de humanidade e mundanidade, que nos coloca no lugar e nos acorda dos autómatos em que nos tornámos." Luís Miguel Rocha Espaço de comunicação e comunhão, O Lugar das Coisas alimenta-se da palavra do que somos, como seres vocacionados para a alegria, o amor e a felicidade. Espaço de solução e consolação, O Lugar das Coisas é como um Sol no centro da vida, numa demanda de valor e sentido para existir e ser vivida.

Críticas:

“Em O Lugar das Coisas cabemos todos, criados pela voz singular de Miguel Almeida, que nos recria até ao âmago da alma e onde, mais puros, perdemos a inocência. Um livro de poesia e de vida, de humanidade e mundanidade, que nos coloca no lugar e nos acorda dos autómatos em que nos tornamos.” Luís Miguel Rocha

“Gosto muito da musicalidade — principalmente os cativantes ritmos — dos poemas de O Lugar das Coisas.” Richard Zimler 

Embarcados na barca das palavras


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, viajamos
Como quem navega, só por navegar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, sonhamos
Como quem sonha, só por sonhar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, vivemos
Como quem vive, só por viver
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, criamos
Como quem cria, só por criar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Miguel Almeida, “O Lugar das Coisas”, Esfera do Caos, 2012.

sábado, 19 de maio de 2012

A Trama da Estrela de Vasco Ricardo (Divulgação)


Enquanto uma negra conspiração se vai expandindo por algumas cidades europeias, três adolescentes divertem-se, navegando pela Internet, tentando decifrar mistérios e crimes até então irresolúveis.
Dana, Mark e Rohan são provenientes de nações distintas mas os seus interesses e suas motivações convergem. À medida que uma onda de crimes vai assolando o território do velho continente, os jovens vão interagindo através das comuns salas de chat, falando sobre um infindável número de temas.
O percurso das suas vidas toma, porém, um rumo diferente, acompanhado de estranhos acontecimentos que podem mudar os seus destinos.
Paralelamente, uma sociedade secreta, cujos elementos parecem tão competentes quanto obstinados, move-se de forma obscura e sanguinária, onde todos os seus passos são criteriosamente preparados, na tentativa de alcançar um marco até então inatingível.


Biografia:

Vasco Ricardo nasceu no ano de 1981, em França mas é em Portugal que gosta de estar. Nem sempre viveu em Famalicão; cresceu em Matosinhos e formou-se em Viana do Castelo. Pratica Aikido, uma arte marcial japonesa. Raramente se sente cansado, se bem que certas particularidades do quotidiano o vão arreliando. Acha piada a moralistas, principalmente os que são imorais. Ainda não descobriu a verdadeira razão pela qual sente vontade de escrever, mas jura que um dia o fará.

PVP: 14,50 €
Páginas: 240

Encontra-se para já à venda no site da editora, wook e bertrand on-line.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Prendinhas/ Novas Aquisições:)

No mês passado fiquei um ano mais velha. Já são 24! E como tenho família e amigos fantásticos recebi muitos livrinhos. Fiquei felicíssima já que, com os tempos que correm , adquirir um livro é muito difícil. O melhor é que como faço anos, perto da Feira do Livro e das inúmeras promoções de livrarias, ganhei muitos amigos para a estante porque pode se comprar dois pelo preço de um. Regalem os vossos olhos com estas fotografias!:)
Aqui também estão os livros que adquiri na Feira do Livro de Lisboa. Foram eles:

O Festim dos Corvos e o Mar de Ferro de George R.R Martin com oferta de O Mago de Feist;
O Último Cabalista de Lisboa de Richard Zimler que era livro do dia;
Os Pilares da Terra II de Ken Follet;
Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen num alfarrabista
A Lenda de Sigurd e Gúdrun de J.R.R Tolkine na Hora H

Os da Colleen foram adquiridos: um num alfarrabista e outro em promoção. Também posso dizer que foram oferecidos pois, não fui eu que os paguei.

Os outros livrinhos ( tantos!) foram prendinhas de anos! xD Obrigada a todos que contribuíram para tornar este dia ainda mais especial. Na verdade, houve um dia em que encontrei vários embrulhos espalhados pela casa cheios de livros. Os tempos estão complicados porém, quem tem uma família e amigos fenomenais como estes ultrapassa tudo! Muito muito obrigada!

E vocês? Já leram algum? Contem-me...

O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Záfon


Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.

A MINHA OPINIÃO:

O Jogo do Anjo é o meu regresso às páginas mágicas e inebriantes de Carlos Ruiz Záfon. É uma espécie de prequela de A Sombra do Vento. A Livraria Sempere, o Cemitério dos Livros Esquecidos e o seu fiel guardião Isaac são as pontes para o passado e, mais uma vez, Záfon enaltece os livros, a sua beleza, fantasia e a sua habilidade fulcral de nos fazer viver outras vidas e experimentar novas emoções. A magistralidade do autor é tanta  que ele, Carlos Ruiz Záfon cria um livro absurdamente absorvente e inexplicavelmente maravilhoso. O protagonista, o escritor David Martín vive numa Barcelona mais sinistra e tenebrosa do que a Barcelona de A Sombra do Vento. O livro assimila este tom mais negro e sucedem-se uma série de acontecimentos bizarros que arrasta David para uma espiral de sanidade e de loucura. Magnificamente poético e tocante, O Jogo do Anjo é trepidante, arrepiante e enigmático. Os mistérios acumulam-se muito por culpa de Andreas Corelli, personagem tão indecifrável para David como para o leitor. Com o desenrolar da história, o ritmo do livro torna-se asfixiante e a angústia e a sofreguidão de Martín pela verdade toma proporções gigantescas assim como a nossa ansiedade e emoção ao ler as suas páginas. Záfon presenteia-nos com uma miscelânea de realidade e ficção pois, há episódios que jamais poderão acontecer na nossa  normalidade, que transcende qualquer género literário. Será fantasia ou um simples romance? De simples não tem nada. É enfeitiçante, chocante e electrizante! Um hino aos livros e à escrita, O Jogo do Anjo só peca pelo final muito bom mas, abrupto. A verdade é que tive de o ler várias vezes para o compreender e ainda hoje penso nele. Pergunto-me o que é o autor queria com este término... Todavia, aí também está a genialidade do livro, suscitar e fomentar debates acerca da história. É um livro cheio de ideias, de críticas veladas ao fanatismo da religião ou da política e que, por ser mais aberto a nível de interpretações, nem tudo é o que é, pode levar a que alguns leitores não o apreciem tanto. Sempre ouvi dizer que A Sombra do Vento era melhor que O Jogo do Anjo. Podem chamar-me amotinadora mas, para mim, este livro é tão bom quanto o anterior! E isto é um grande elogio...

7/7- OBRA-PRIMA


PS: Obrigada A. por esta prendinha de Natal!

domingo, 13 de maio de 2012

Os Apanhadores de Conchas de Rosamunde Pilcher


Penelope Keeling, filha de artista, é uma mulher suficientemente independente e activa para aceitar passivamente a velhice. 
Olha para trás e recorda a sua vida: uma infância boémia em Londres e em Cornwall, um casamento desastroso durante a guerra e o homem que ela verdadeiramente amou.
Teve três filhos e aprendeu a aceitar cada um deles com as suas alegrias e desilusões.
Quando descobre que o seu bem mais importante vale uma fortuna - Os Apanhadores de Conchas -, um quadro que o pai lhe deu de presente e pintado por ele próprio, é ela que passa a decidir e determinar se a sua família continuará a ser mesmo uma família ou se se fragmentará definitivamente.
Os Apanhadores de Conchas é o mais importante romance de Rosamunde Pilcher, confirmado pelas inúmeras semanas na lista dos best-sellers da revista americana Publishers Weekly e do The New York Times Book Review.

A MINHA OPINIÃO:

Os Apanhadores de Conchas foi uma leitura deliciosa!À superfície parece uma história simples mas, Rosamunde Pilcher disseca os sentimentos e as emoções subtilmente e quando damos por nós, estamos tão envolvidos nas vidas das personagens que não os queremos largar. O livro alterna entre várias épocas, evocando a nostalgia e a saudade de tempos idos e a esperança de tempos que virão. A autora põe a nu todas as disfunções e quezílias da família protagonista. As suas imperfeições, ambições e sonhos estão a descoberto e o leitor, como juiz e senhor deste tribunal condena e absolve os personagens. É fácil detestar ou simpatizar com as suas acções.Mas, isso não os torna maus. São simplesmente humanos. Através de Penelope, conhecemos Cornwall na altura da Segunda Guerra Mundial em que, os alimentos escasseavam e relações brotavam ou se degradavam. A guerra trazia mudanças: os maridos e os filhos partiam e só ficavam os que não podiam combater. Nada era seguro e, às vezes, o impulsivismo e a vontade sobreponha-se à razão. Na Londres actual, acompanhamos os filhos de Penelope e a jovem Antonia. Nancy e Noel foram os filhos que menos me agradaram com as suas atitudes no entanto, não consegui evitar sentir compaixão por eles. Olivia foi aquela que eu mais apreciei por causa da sua honestidade e frontalidade. Mas, foi Penelope, a mãe que me apaixonou. Ela é a atracção central do livro. A sua história marcada por segredos, amor, erros, desilusões e perdas é tão humana e tão bela!É uma vida cheia de acontecimentos marcantes que sentimos como se fosse nossa. A autora interliga-a com a Antonia e fecha-se um ciclo, um reencontro com o passado.A família são aqueles que amamos. É uma leitura ternurenta, verdadeiramente enriquecedora em valores e morais que faz com que desejemos viver na Inglaterra rural cercados por um jardim maravilhoso...

5/7- MUITO BOM

PS: Obrigada querida Fernanda por esta bela e inesperada surpresa!:)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Belladonna de Anne Bishop

Bem-vindos a Efémera, onde a terra se altera em resposta aos mais profundos desejos e medos dos seus habitantes. 

Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar. Uma a uma, as paisagens de Efémera estão a cair na sombra. O Devorador do Mundo está a espalhar a sua influência, manchando as almas das pessoas com dúvida e medo, alimentando-se das suas emoções mais negras. A cada vitória o Devorador aproxima-se da conquista final. Apenas Glorianna Belladonna possui a habilidade de defraudar os planos do Devorador. Mas os seus poderes foram mal interpretados e incompreendidos. Determinada a proteger as terras sob o seu domínio, Glorianna defrontará o Devorador sozinha se assim estiver no seu destino.

A MINHA OPINIÃO:

Belladonna é o segundo volume do Mundo Efémera de Anne Bishop. Este é uma continuação digna de Sebastian! Efémera já não é tão bizarra e incompreensível. Após um encontro brusco com a imaginação de Bishop no primeiro volume, este foi uma leitura muito mais aprazível. Estranha-se mas, entranha-se! E questionar a originalidade da autora é totalmente descabido pois, é inegável o pormenor que ela incute ao mundo que ela criou do "nada". Glorianna já era das minhas personagens favoritas em Sebastian e neste livro, confirma a sua posição. Ela é uma interrogação! É poderosíssima e a única desafiadora do Ente, o Devorador do Mundo todavia, também tem uma faceta inocente que só revela entre a sua família.Michael, o Mágico que ela conhece no seu caminho e que lhe desperta sentimentos avassaladores foi uma personagem que me dividiu. A sua magia tão parecida com a da Paisagista e ao mesmo tempo, tão distinta é fascinante. Todavia, falta a Michael, um lado mais obscuro tão real como em Sebastian, o protagonista anterior.  Sebastian e o Provocador continuam iguais. Este último é hilariante! Fazendo jus ao seu nome, ele gosta de embaraçar os restantes com situações caricatas e diálogos altamente corrosivos e pouco castos! Caitlin, uma nova aquisição deste livro é também uma personagem intrigante semelhante a Glorianna mas, em busca de orientação e do seu lugar. O Ente é uma entidade fabulosa muito bem criada por Anne Bishop. A sua vilania é tão bem sucedida que sentimos a sua presença constante e ameaçadora. Belladonna é mais um testemunho da brilhante imaginação de Anne Bishop porém, ainda não arrebatou profundamente. Terei de apostar na sua obra mais conhecida, a trilogia das Jóias Negras para encontrar a razão para tanto elogio. Este é uma boa leitura fantástica mas, que perde vivacidade quando a autora e alonga em novas explicações sobre Efémera. De certo modo, é uma maneira de relembrar aos leitores o que leram em Sebastian no entanto, eu li os dois volumes quase de seguida e achei aquelas descrições repetitivas. Sebastian e Belladonna são livros para viajantes audazes que não têm medo de explorar e de criar." Viajem com leveza!"

4/7-BOM