quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Viagem de Morgan de Colleen McCullough


A sinopse contém spoilers!!! Se não os quiser avance para a opinião!!!


Richard Morgan é filho de um taberneiro de Bristol, sensível e instruído, com um dom especial para fabricar mosquetes de pederneira, que a Inglaterra tenciona utilizar contra as suas revoltadas colónias americanas.Quando Richard arranja trabalho numa destilaria de rum, a sua eficiência e perspicácia levam-no a encontrar vários canos escondidos, que tem de denunciar, já que desviam ilegalmente 800 galões desta bebida por semana, de modo a fugir aos impostos. É assim que se encontra envolvido numa teia de corrupção que o vai levar a ser aprisionado num dos vários navios de deportados ancorados em Inglaterra e depois noutro, com destino à nova colónia penal que é a Austrália.Enquanto Morgan tenta resistir a desastres naturais e às falsidades e subterfúgios dos outros sobreviventes, vemos formar-se diante dos nossos olhos um microcosmos da audaciosa sociedade em que a Austrália se haveria de transformar.A investigação brilhante e exaustivamente realizada a todos os pormenores da época que serve de cenário à obra, torna-a memorável e verosímil com a reprodução de mapas, quadros, plantas de navios e outros materiais. A Viagem de Morgan, é pois, um excelente romance de aventuras, com a indomável energia e o ritmo imparável de um filme de acção.


A MINHA OPINIÃO:



A Viagem de Morgan é outra obra extraordinária de Colleen McCullough! O início é marcado pelo pormenor exímio da escritora que pode desconcertar os estreantes porém, para os veteranos como eu ( veterana, neste caso), é só primeiro passo para uma grande história. É um livro que me emociona e me ensina... McCullough escolhe um protagonista que não é rico ou nobre. Richard Morgan é um humilde e pacífico homem que é obrigado a reagir quando a Inglaterra começa a sofrer as consequências da Guerra de Independência dos Estados Unidos da América. É através dos seus olhos que a escritora nos apresenta uma realidade crua e despojada de eufemismos. A mestria dela está na beleza e no detalhe das suas descrições bem como no enquadramento histórico brilhante que lhe serve de alicerce para construir a épica saga de um homem que face às adversidades e a um novo destino cresce e nos apaixona. É claro que as primeiras páginas podem fazer desistir quem não aprecia um estilo tão descritivo porém, a mim não demoveu. Aliás, foi de uma utilidade preciosa pois, gosto de raciocinar e criar cenários no meu imaginário. Lá materializou-se uma Bristol, um Rio de Janeiro e uma Austrália do século XVIII. O contraste entre o Rio e a Cidade do Cabo é particularmente delicioso! Há um choque silencioso de culturas com as suas cores e aromas que invadem o leitor de um modo inebriante. Nunca caí no aborrecimento e revelou-se uma leitura extremamente viciante! Colleen McCullough possui uma capacidade notável: transforma o mais entediante dos acontecimentos num momento de verdadeira emoção. Pode haver uma grande história a servir de bandeja mas, o que conta é o que está a ser servido! Aí reside o segredo de mais este livro: a pequena história que se alimenta da grande história é devido à sua genialidade, na realidade, o foco inequívoco  da nossa atenção! É o que torna os seus livros tão humanos e tão absorventes... No entanto, A Viagem de Morgan não tem o mesmo brilho de outros volumes da autora. Para mim, não foi soberbo contrariamente a outros trabalhos dela. Coloco a culpa em Richard Morgan. Apesar de ser uma personagem credível e capaz de transportar o fardo tremendo de ser principal numa obra como esta é pálido quando comparado com Alexander Kinross (O Toque de Midas), Ralph de Bricassart ( Pássaros Feridos) ou mesmo Aquiles ( A Canção de Tróia). Falta-lhe aquelas imperfeições gritantes que nos fazem amar como a mesma violência com que odiamos! Morgan é demasiado merecedor da nossa paixão e, literáriamente eu aprecio o tumulto de uma acção moralmente dúbia. Mas, não quero com as estas palavras denegrir a imagem deste excelente livro... Não é dos melhores de Colleen McCullough todavia, tomara a muitos escreverem obras assim!

6/7- EXCELENTE

6 comentários:

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  2. Oh que inveja Jojo! eu quero ler... eu quero ler... :D
    Gostei mesmo muito desta tua opinião. (tenho a certeza de que o Fiacha também) :D
    Já sabes... mantenho o que disse... se o encontrares, compra-mo, que depois combino e vou ter contigo.
    Se eu o encontrar até lá, aviso-te.
    Se estiver à espera que a Bertrand, os reedite, bem vou esperar sentado.
    No caso de crueldade a nu, pergunto-me porque não publicaram eles os dois primeiros da série? e ainda por cima a tradução é a mesma da Difel... logo... não percebo.
    Beijitos e bons livros para ler.

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    1. Nuno, está combinado. xD
      A Bertrand está demorar muito mesmo a publicar os livrinhos desta senhora. Eu ainda me precavi fazendo caça ao tesouro a alguns mas, quero a saga de Roma e isto está complicado.
      Quanto ao Crueldade também não percebo...

      Beijinhos*

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  3. Olá Jojo,

    Começo a ficar preocupado com ler os teus comentários aos livros da escritora, é que a divulgas de uma forma que temo chegar a altura da feira do livro de Lisboa e não conseguir arranjar naqueles alfarrabistas a 5 €, meu deus, acho que vou comprar vários livros da escritora para ficar seguro que de cá já não saem :D

    Grande comentário, a minha carteira resmunga mas não lhe ligo nenhuma.

    Gostei imenso sim Nuno Chaves e é a minha escritora favorita e nem li tantos livros aqui como a Jojo :D

    Bjs e abraços :)

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    1. Ahahahaha Fiacha, eu ainda também mais alguns dela para ler portanto, prepara a tua carteira! Na Páscoa vou à ilha, pode ser que veja alguns por lá e aviso-te.
      Obrigada:)

      Beijinhos*

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    2. Olá Jojo,

      Ficava-te agradecido, mas vou comprar o máximo que poder na feira do livro (se entretanto arranjar algum eu aviso-te) :D

      PS: Estás a ler um dos melhores livros que já li sobre vampiros, muito bom mesmo ;)

      BJS

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